Crónica no Pataias à Letra, edição nº 18, julho 2022
Litoral. Que turismo?
Litoral de Pataias. Algo que tem sido falado de forma
recorrente é a aposta no turismo, ou a falta dela. Ora, o que falta em primeiro
lugar é uma definição estratégica do que será o desenvolvimento socioeconómico
para esta faixa de território, partindo como base na atratividade turística. E
para isso, é também necessário fazer a divisão do território em duas realidades
distintas: Paredes da Vitória e as “outras praias”.
Paredes da Vitória, atualmente, não tem capacidade para
fazer uma concorrência direta à Nazaré ou S. Pedro de Moel (as praias mais
próximas). No entanto, as suas caraterísticas únicas podem transformá-la numa
alternativa: o enquadramento paisagístico, a memória do verde do pinhal, o
extenso areal, o ribeiro. Paredes da Vitória é “invadida” sempre na primeira
quinzena de julho por centenas de crianças em idade pré-escolar. O fácil acesso
à praia, o extenso areal e o pequeno rio a cortar o areal é um apelo
irresistível. Por estes motivos, é também (sempre foi) uma praia de famílias
com crianças pequenas. Ora, qual é a oferta para estes veraneantes? Que oferta
de atividades desenvolvemos neste período especificamente para este público.
Cativando as crianças, os pais virão. Ambos desenvolverão o hábito de vir às
Paredes e daqui a 10, 15, 20 anos teremos jovens e adultos cuja praia será
esta. E isso significa mais comércio, mais dinamismo económico, mais vida.
Concretizar a praia de Paredes numa praia de famílias,
calma, tranquila, segura para todos e em especial para as crianças. Não é uma
ideia de glamour, charmosa, vistosa.
Mas, sinceramente, quando queremos agitação e rebuliço a Nazaré está apenas a
10 minutos de distância. Se calhar, este nicho de mercado, as crianças e as
famílias, são a “onda” das Paredes à espera de ser descoberta e explorada.
A época balnear este ano vai de 18 de junho a 11 de
setembro. No entanto, à semelhança de outros anos, desde finais de abril que as
Paredes, pelo menos ao fim de semana e especialmente aquando de tempo quente e
seco, regista forte afluência de banhistas. Este ano um deles desapareceu nas
ondas do mar. Ora, pensar o turismo balnear é também pensar na segurança. O
problema dos nadadores salvadores não é novo. São poucos, muitas vezes
inexperientes e pagam-se cada vez melhor, em quase autêntico leilão. De acordo
com a Lei, onde existem concessionários, são estes os responsáveis pela sua
existência (apenas no período balnear).
Ora, fora da época balnear, as praias estão entregues à
existência de surfistas para poder haver socorro de alguém. Paredes da Vitória
e S. Martinho do Porto, especialmente, registam forte afluência desde muito
cedo. Uma forma de minimizar a situação seria a Câmara Municipal, que até tem 3
piscinais municipais, abrir concurso para trabalho anual de nadador-salvador.
Estes garantiriam parte da vigilância às praias entre abril e outubro e no
resto do ano, com certeza, poderiam ser instrutores numa das piscinas
municipais. E a situação de praias sem vigilância em períodos de grande
afluência de banhistas, e fora da época balnear, seria minimizada. E também
seria uma mais valia em termos de oferta turística.