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sexta-feira, 15 de julho de 2022

À pata aias

 Crónica no Pataias à Letra, edição nº 18, julho 2022


Litoral. Que turismo?

Litoral de Pataias. Algo que tem sido falado de forma recorrente é a aposta no turismo, ou a falta dela. Ora, o que falta em primeiro lugar é uma definição estratégica do que será o desenvolvimento socioeconómico para esta faixa de território, partindo como base na atratividade turística. E para isso, é também necessário fazer a divisão do território em duas realidades distintas: Paredes da Vitória e as “outras praias”.

Paredes da Vitória, atualmente, não tem capacidade para fazer uma concorrência direta à Nazaré ou S. Pedro de Moel (as praias mais próximas). No entanto, as suas caraterísticas únicas podem transformá-la numa alternativa: o enquadramento paisagístico, a memória do verde do pinhal, o extenso areal, o ribeiro. Paredes da Vitória é “invadida” sempre na primeira quinzena de julho por centenas de crianças em idade pré-escolar. O fácil acesso à praia, o extenso areal e o pequeno rio a cortar o areal é um apelo irresistível. Por estes motivos, é também (sempre foi) uma praia de famílias com crianças pequenas. Ora, qual é a oferta para estes veraneantes? Que oferta de atividades desenvolvemos neste período especificamente para este público. Cativando as crianças, os pais virão. Ambos desenvolverão o hábito de vir às Paredes e daqui a 10, 15, 20 anos teremos jovens e adultos cuja praia será esta. E isso significa mais comércio, mais dinamismo económico, mais vida.

Concretizar a praia de Paredes numa praia de famílias, calma, tranquila, segura para todos e em especial para as crianças. Não é uma ideia de glamour, charmosa, vistosa. Mas, sinceramente, quando queremos agitação e rebuliço a Nazaré está apenas a 10 minutos de distância. Se calhar, este nicho de mercado, as crianças e as famílias, são a “onda” das Paredes à espera de ser descoberta e explorada.

A época balnear este ano vai de 18 de junho a 11 de setembro. No entanto, à semelhança de outros anos, desde finais de abril que as Paredes, pelo menos ao fim de semana e especialmente aquando de tempo quente e seco, regista forte afluência de banhistas. Este ano um deles desapareceu nas ondas do mar. Ora, pensar o turismo balnear é também pensar na segurança. O problema dos nadadores salvadores não é novo. São poucos, muitas vezes inexperientes e pagam-se cada vez melhor, em quase autêntico leilão. De acordo com a Lei, onde existem concessionários, são estes os responsáveis pela sua existência (apenas no período balnear).

Ora, fora da época balnear, as praias estão entregues à existência de surfistas para poder haver socorro de alguém. Paredes da Vitória e S. Martinho do Porto, especialmente, registam forte afluência desde muito cedo. Uma forma de minimizar a situação seria a Câmara Municipal, que até tem 3 piscinais municipais, abrir concurso para trabalho anual de nadador-salvador. Estes garantiriam parte da vigilância às praias entre abril e outubro e no resto do ano, com certeza, poderiam ser instrutores numa das piscinas municipais. E a situação de praias sem vigilância em períodos de grande afluência de banhistas, e fora da época balnear, seria minimizada. E também seria uma mais valia em termos de oferta turística.


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