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terça-feira, 15 de novembro de 2022

À pata aias

Crónica no Pataias à Letra, edição nº22, novembro 2022 


A avenida

 

A denominada primeira fase da reabilitação da Avenida Rainha Santa Isabel encontra-se a caminho da sua conclusão. Paulatinamente, os arranjos paisagísticos do Largo Comendador Matias vão tomando forma, recuperando um lago no lugar do antigo poção e uma nova estrutura que aparentemente recordará os antigos coretos e cuja utilidade, qualidade estética e peça de memória me deixam curioso.

Fala-se de uma segunda fase para o troço entre a rotunda da fonte e a rotunda dos bombeiros. Atendendo à experiência já concretizada, serão certamente defendidos os interesses da Infraestruturas de Portugal e da Estrada Nacional 242 em detrimento de Pataias e da Avenida Rainha Santa Isabel.

No entanto, esta mesma Estrada Nacional tem no território da União de Freguesias uma necessidade de intervenção cada vez mais e urgente e necessária. Refiro-me ao troço entre a Martingança e Pataias, especialmente entre os Calços e a Ferraria.

Para quem diariamente utiliza a estrada, somos brindados por uma proibição de ultrapassar que se estende por 2,7 km entre a Cabrela (ao cemitério) e a entrada da Martingança (ao cruzamento para a Burinhosa), dos quais 2,3 km são uma reta (convidativa a acelerações). Neste troço de estrada, contabilizam-se também 17 entradas de estradas e caminhos (9 no sentido Pataias-Martingança e 8 no sentido Martingança-Pataias), para além de um incontável número de acessos diretos a parqueamentos de camiões, oficinas e stands de automóveis, espaços comerciais, indústrias, supermercados, restaurantes, postos de abastecimento de combustíveis e casas particulares. Um fartote.

À noite, a iluminação desta via é inexistente ou, na melhor das hipóteses, sofrível. Agora de Inverno, depois das 18h, com chuva e trânsito é um “ai jesus” e um alívio quando chegamos ao nosso destino incólumes depois de cruzar este autêntico corredor da morte.

Sim. Corredor da morte. Os acidentes mortais têm-se repetido com infeliz frequência, a chapa batida uma constante semanal e os sustos e tangentes uma realidade diária (várias vezes ao dia). E a culpa não será apenas dos automobilistas.

Este troço Cemitério-Martingança necessita, a bem da segurança rodoviária, de uma profunda intervenção. Do arranjo das bermas a uma boa iluminação, de um separador central a um conjunto de rotundas dissuasoras da velocidade: uma no cemitério, uma à saída de Pataias/ entrada da Ferraria, uma junto à antiga Sifamolar e outra nos Calços junto à Transforpel no acesso à área industrial e rua da Forcada. Não haveria cortes na via e os carros seriam obrigados a circular pelas rotundas. Sim, eu sei que seria chato para quem é de Pataias e quisesse uma pizza tivesse que ir até ao fim da Ferraria para poder aceder ao restaurante e para quem é da Martingança para ir ao supermercado tivesse que vir quase até à Ferraria. Mas lá que seria mais seguro – e mais lento – não tenho a menor das dúvidas.

Assim, enquanto se discute um segundo arranjo estético da Avenida Rainha Santa Isabel que possivelmente a transformará num troço mais aprazível da EN242, deveríamos estar a discutir a verdadeira requalificação da EN242 entre Pataias e Martingança numa via segura para todos os que a utilizam e que transformaria a Estrada Nacional numa verdadeira via urbana (que já o é).

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