Para sugestões, comentários, críticas e afins: sapinhogelasio@gmail.com

quarta-feira, 15 de junho de 2022

À pata aias

 Crónica no Pataias à Letra, edição 17, junho 2022


Feliz aniversário?

1 – Cumpriram-se neste mês 38 anos sobre a elevação de Pataias a vila. Sonho de muitos anos, acompanhou durante muito tempo o sonho de elevação a concelho.

Nestes 38 anos, Pataias conheceu apenas dois presidentes de junta. Poderemos sempre falar numa estabilidade governativa, num desempenho positivo para que não tenha existido alternância no poder.

Outra visão, será considerar o imobilismo, a estagnação, a acomodação. Quase quatro décadas depois, em que é que Pataias está diferente?

É claro que poderemos sempre falar das obras públicas e das infraestruturas: a EB 2,3 de Pataias, o pavilhão gimnodesportivo, as piscinas municipais, o saneamento básico, a ETAR e requalificação urbana nas Paredes, o Parque de Campismo, as igrejas e centros paroquiais na Martingança, na Burinhosa, nos Pisões. Tudo isto foi tornado realidade nas últimas quatro décadas.

Mas a grande questão é: quase quarenta anos depois, para onde queremos que Pataias vá? Continua a faltar uma visão estratégica para a vila, para a freguesia, para a vida dos fregueses. O que foi feito corresponde a uma gestão corrente e as melhorias são “naturais”. Ou seja, o que foi feito em Pataias resultou da evolução normal dos tempos, da alteração dos padrões de qualidade de vida que todo o Portugal sentiu desde a nossa adesão à União Europeia. Por outras palavras, era (quase) inevitável que assim tivesse sido.

Mas o que queremos para Pataias nos próximos 40 anos? O que estamos dispostos a fazer, a idealizar, a lutar, para assegurar dinamismo demográfico, qualidade dos espaços públicos, ofertas culturais, emprego, comércio e serviços com alguma qualificação? O que queremos para os próximos 40 anos, diferenciador (para melhor) da natural evolução dos tempos?

2 – Arrancaram finalmente as obras no rossio. Pela segunda vez, o coreto veio abaixo. Há trinta anos fui uma das vozes contestatárias do facto, hoje, confesso, aplaudo a atual decisão. O coreto mais recente era uma obra que surgiu da necessidade de justificar a destruição de memórias. Era pobre em termos estéticos e espartano nos materiais. A sua utilidade, resumia-se, nos anos bons, a um concerto por ano da nossa Filarmónica. E apesar de muito maior que o “original”, mesmo assim era pequeno para a logística de cadeiras, músicos, estantes, instrumentos, maestro. Não me deixa saudades.

Mas à boa maneira das Juntas e Câmaras dos últimos 38 anos, o desenho final da obra do rossio é desconhecido. É regra. Qualquer obra feita em Pataias (com a honrosa exceção da recém reabilitação da EN242) é escondida e sonegada ao escrutínio da população.

Das duas uma: ou somos (população) uns imberbes imbecis, pacóvios matarroanos que não sabemos o que queremos ou os decisores dos projetos são uns espíritos iluminados com toque de Midas que tudo o que fazem em Pataias é imediatamente copiado pelos deuses no Olimpo. Sistematicamente, as decisões sobre Pataias são escondidas da sua população.

3 – Nesta última semana de maio a grande obra social invisível de Pataias esteve efervescente depois de dois anos de pandemia muito difíceis. Falo da Universidade Sénior. Primeiro, um espetáculo excecional com a Filarmónica e a Arquitetuna. Depois, a participação no festival de teatro das Universidades Séniores do Oeste. Finalmente, a Gala de encerramento do ano letivo. Para quem está no projeto desde a primeira hora, alguns dos alunos são os mesmos. Mas estão muito mais jovens!


Sem comentários:

Enviar um comentário