Crónica no Pataias à Letra, edição 17, junho 2022
Feliz aniversário?
1 – Cumpriram-se neste mês 38
anos sobre a elevação de Pataias a vila. Sonho de muitos anos, acompanhou
durante muito tempo o sonho de elevação a concelho.
Nestes 38 anos, Pataias conheceu
apenas dois presidentes de junta. Poderemos sempre falar numa estabilidade
governativa, num desempenho positivo para que não tenha existido alternância no
poder.
Outra visão, será considerar o
imobilismo, a estagnação, a acomodação. Quase quatro décadas depois, em que é
que Pataias está diferente?
É claro que poderemos sempre
falar das obras públicas e das infraestruturas: a EB 2,3 de Pataias, o pavilhão
gimnodesportivo, as piscinas municipais, o saneamento básico, a ETAR e
requalificação urbana nas Paredes, o Parque de Campismo, as igrejas e centros
paroquiais na Martingança, na Burinhosa, nos Pisões. Tudo isto foi tornado
realidade nas últimas quatro décadas.
Mas a grande questão é: quase
quarenta anos depois, para onde queremos que Pataias vá? Continua a faltar uma
visão estratégica para a vila, para a freguesia, para a vida dos fregueses. O
que foi feito corresponde a uma gestão corrente e as melhorias são “naturais”.
Ou seja, o que foi feito em Pataias resultou da evolução normal dos tempos, da
alteração dos padrões de qualidade de vida que todo o Portugal sentiu desde a
nossa adesão à União Europeia. Por outras palavras, era (quase) inevitável que
assim tivesse sido.
Mas o que queremos para Pataias
nos próximos 40 anos? O que estamos dispostos a fazer, a idealizar, a lutar,
para assegurar dinamismo demográfico, qualidade dos espaços públicos, ofertas
culturais, emprego, comércio e serviços com alguma qualificação? O que queremos
para os próximos 40 anos, diferenciador (para melhor) da natural evolução dos
tempos?
2 – Arrancaram finalmente as
obras no rossio. Pela segunda vez, o coreto veio abaixo. Há trinta anos fui uma
das vozes contestatárias do facto, hoje, confesso, aplaudo a atual decisão. O
coreto mais recente era uma obra que surgiu da necessidade de justificar a
destruição de memórias. Era pobre em termos estéticos e espartano nos
materiais. A sua utilidade, resumia-se, nos anos bons, a um concerto por ano da
nossa Filarmónica. E apesar de muito maior que o “original”, mesmo assim era
pequeno para a logística de cadeiras, músicos, estantes, instrumentos, maestro.
Não me deixa saudades.
Mas à boa maneira das Juntas e
Câmaras dos últimos 38 anos, o desenho final da obra do rossio é desconhecido.
É regra. Qualquer obra feita em Pataias (com a honrosa exceção da recém
reabilitação da EN242) é escondida e sonegada ao escrutínio da população.
Das duas uma: ou somos
(população) uns imberbes imbecis, pacóvios matarroanos que não sabemos o que
queremos ou os decisores dos projetos são uns espíritos iluminados com toque de
Midas que tudo o que fazem em Pataias é imediatamente copiado pelos deuses no
Olimpo. Sistematicamente, as decisões sobre Pataias são escondidas da sua
população.
3 – Nesta última semana de maio a
grande obra social invisível de Pataias esteve efervescente depois de dois anos
de pandemia muito difíceis. Falo da Universidade Sénior. Primeiro, um
espetáculo excecional com a Filarmónica e a Arquitetuna. Depois, a participação
no festival de teatro das Universidades Séniores do Oeste. Finalmente, a Gala
de encerramento do ano letivo. Para quem está no projeto desde a primeira hora,
alguns dos alunos são os mesmos. Mas estão muito mais jovens!
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