População ameaça lagoa de Pataias
Desde que, em Outubro, a população começou a introduzir aves domésticas na lagoa de Pataias que aquele ecossistema está novamente em risco, de tal forma que o pelouro do Ambiente da Câmara de Alcobaça e o Gabinete Médico Veterinário decidiram pela remoção das aves de capoeira, operação que teve início esta semana.
Há várias razões que explicam o perigo de colocar aves domésticas num habitat de aves selvagens. Como esclarece a bióloga da Câmara, Sofia Quaresma, quem tem aves de capoeira tem de ter o cuidado de limpar regularmente a capoeira, já que os restos de alimentos se acumulam com os dejectos dos animais, sendo muitas vezes essa mistura utilizada para adubo na agricultura. Na lagoa, esses detritos não são, naturalmente, removidos e acabam por adubar as plantas da água, que crescem e se multiplicam de forma vertiginosa, comprometendo a qualidade da água, “que se torna péssima, com cor e odor desagradáveis”, resume a bióloga, que acredita que a população introduziu as aves sem más intenções.
Por outro lado, sendo as aves de capoeira de maior porte que as selvagens, estas últimas são prejudicadas, correndo o risco de ficarem desalojadas quando competem por locais para dormir, repousar ou procriar. “Teríamos a lagoa transformada em algo semelhante a um lado citadino com os típicos cisnes”, alerta Sofia Quaresma, que lembra que a lagoa é a casa de animais selvagens.
Depois de terem colocado patos e cisnes, junto a exemplares de galeirão, galinha de água, pato-real e garça-real, as pessoas vão à lagoa alimentá-las com pão, bróculos e couves, como atestam os restos encontrados no local. Os animais domésticos agradecem e os selvagens também. O problema é que as aves selvagens e migratórias deixam de fazer esforço na procura de alimento, alterando as suas rotinas de sempre.
O pelouro do Ambiente apela à população para que não coloque quaisquer espécie de animais na lagoa, que deve seguir o seu curso natural, com a chegada e partida de aves migratórias. Todos os Verões, a lagoa tem estado em risco e estes episódios aumentam o perigo, que pode conduzir novamente ao desaparecimento da água daquele aquífero.
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