A nova freguesia de Pataias.
O título é provocatório.
Ponto primeiro.
Sabemos que a designação oficial é
União das Freguesias de Pataias e Martingança. E assim parece ser para quem é de
Pataias, mas para quem é da Martingança, parece que é Freguesia de Pataias.
Sabemos que este processo de união
de freguesias, porque mal conduzido pelo Governo e pior ainda pela Câmara
Municipal (e completamente atropelado/ignorado pela anterior Assembleia de
Freguesia de Pataias), está longe de ser perfeito e de corresponder aos desejos
de parte das populações.
Pessoalmente, penso que foi um processo
necessário e que pecou por escasso. O número de agregações deveria ter sido
maior, nomeadamente nas freguesias a sul do Casal da Areia.
Ponto segundo.
Sabemos também, que estas ocasiões,
até pela proximidade/rivalidade existente entre as populações envolvidas, geram
sempre algumas “bocas” e “brincadeiras”. Assim, de repente, recordo o nome da
freguesia que resultaria da eventual agregação de Pataias, Martingança, Montes
e Alpedriz (a freguesia do bataclã); a história das portas da Burinhosa que
seriam construídas no largo da Martingança (resolvendo vários problemas); e o
novo brasão da freguesia com os gansos da Martingança a entrar (em tabuleiro)
nos fornos de Pataias. Valem o que valem. Alguns sorrisos, algumas bocas, mas
que devem ser reconhecidas face à respetiva importância e pertinência, ou seja,
NENHUMA. Quem lhes reconhecer mais que isso, não merece ouvi-las.
Ponto terceiro
É inegável que todo este processo
deixou feridas profundas. Trinta anos, mesmo à escala humana, é pouco tempo. Conseguir
afirmar a Martingança como freguesia e vê-la agora “desaparecer”, deve ser
muito difícil. Mas também é uma questão de perspetiva.
Há 30 anos, a Martingança era mais
uma terra da freguesia de Pataias. Hoje, a Martingança é uma freguesia de igual
direito e responsabilidade face à freguesia de Pataias. Por isso se chama União
de Freguesias de Pataias e Martingança.
Não foi só a freguesia da
Martingança que desapareceu. A freguesia de Pataias também já não existe.
Há quem afirme que a freguesia de
Pataias ficou a ganhar com a anexação da Martingança. «É uma mais valia»: dezenas
de empresas, centenas de trabalhadores.
Pessoalmente não tenho quaisquer
dúvidas que a Martingança ficou a ganhar com a anexação de Pataias. Massa
crítica, capacidade de criar receitas próprias, um milhão duzentos e sessenta e
sete mil euros de orçamento para 2014. São dez anos de orçamentos da Junta da
Martingança.
A questão prende-se não com quem
anexou quem, mas com o facto de ambas estarem juntas. E juntas significa mais
força.
Já chega o que a Câmara Municipal
(não) faz. Não precisamos de encontrar guerras internas.
Ponto quarto
Vem isto a propósito da intervenção
do Presidente da Junta relativamente à Zona Industrial da Alva de Pataias.
Valter Ribeiro disse que havia
empresários interessados e que a solução pode passar pela engenharia
financeira, por acordos com empreiteiros e que no final o investimento por
parte da Câmara seria irrisório. Ok, tudo bem, é uma solução.
A solução de sempre: Pataias paga.
Recordo ainda a última Assembleia
Municipal: 10 milhões de euros investidos pela Câmara na Benedita nos últimos
quatro anos.
Em Pataias, tudo o que tem sido
feito, tem sido com capitais próprios (da Junta), fundos comunitários
(requalificação da praia das Paredes) ou protocolos com a CIBRA (as piscinas).
Quando foi a última vez que a Câmara
gastou dinheiro seu, em Pataias?
A criação de uma zona industrial no
norte do concelho é primordial. Essencial mesmo, para os destinos da freguesia
e do próprio concelho. Não interessa se é na Alva ou nos Calços. O que é
importante é que ela surja e com as mesmas condições do Casal da Areia ou as
prometidas para a Benedita, cujo investimento já vai em 3,5 milhões de euros,
só no terreno.
Em Pataias, o terreno é de borla.
Em Pataias, arranjam-se soluções
para que o investimento da Câmara seja zero.
Em Pataias, se queremos, temos de
fazer. Podemos dizer que nada devemos a Alcobaça, exceto a Derrama Municipal, o
IMI e uma percentagem do IRS.
Ponto quinto
É por isto, que falar da freguesia
de Pataias é um tiro nos pés.
Esquecer a Martingança é apagar mais
de 1000 habitantes, dezenas de empresas, centenas de trabalhadores. É diminuir
a força do norte do concelho, reduzi-la a uma palavra mal amada por Paulo
Inácio: Pataias.
Na última Assembleia Municipal eram
pelo menos uma dúzia as pessoas naturais e residentes na União De Freguesias de
Pataias e Martingança que estavam presentes. Pataias, apesar da aprovação do
orçamento camarário, dominou grande parte das intervenções.
A nossa força é a nossa união.
A nova freguesia de Pataias não
existe.
Existe uma freguesia mais forte,
mais interventiva, mais capaz que é a União de Freguesias de Pataias e Martingança.
Quem pensar o contrário, está-se a
diminuir, a retirar força a Pataias e a subalternizar de forma definitiva a
Martingança.
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