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sábado, 21 de dezembro de 2013

Paulo Inácio: respostas da Câmara a Pataias são insuficientes

O presidente da Câmara Municipal de Alcobaça, Paulo Inácio, afirmou ontem durante a Assembleia Municipal que as respostas da Câmara Municipal a alguns dos problemas da freguesia de Pataias não são suficientes.

 «Se disser que estamos com um problema de resposta [às praias de Pataias] estou de acordo com o senhor. Estamos com um problema de resposta à afluência nas praias do norte do concelho que temos de ser capazes de resolver», disse, em resposta à intervenção de António Calaxa relativamente à falta de um plano de desenvolvimento turístico para o concelho.
Outro assunto de especial interesse para Pataias foi a discussão em torno da famigerada pseudo-estrada que liga Pataias a Alcobaça. Paulo Inácio afirmou também que as soluções para o caso não são fáceis, porque a Câmara de Alcobaça não pode fazer obra no território da Nazaré. De acordo com Paulo Inácio, as soluções possíveis são todas elas difíceis e morosas. Por um lado, um acordo relativamente às alterações dos limites administrativos envolverá não só os municípios mas também as freguesias [sabendo-se que a Nazaré quer, como contrapartida, uma alteração de limites na zona da praia do Salgado, envolvendo a freguesia de S. Martinho do Porto…];
Por outro lado, o lançamento de um concurso público conjunto entre as Câmaras de Alcobaça e Nazaré, será ainda mais moroso [e difícil, sabendo-se da situação financeira do município da Nazaré];
Finalmente, Paulo Inácio afirmou que já se encontra numa fase de soluções criativas, explicando que face ao interesse em que a Estradas de Portugal tem em desclassificar e passar um conjunto de estradas nacionais para o município, uma das contrapartidas poderá ser a reclassificação da estrada municipal que liga Pataias ao Casal da Areia, como estrada nacional e esta passar a ser da responsabilidade da Estradas de Portugal. Mas nada está definido e a solução nunca será para breve.
Paulo Inácio afirmou ainda, em resposta a um eleito municipal residente na Benedita, que não compreendia as críticas feitas face à inação da Câmara Municipal naquela freguesia. E concretizou que nos últimos 4 anos a Câmara Municipal fez o maior investimento de sempre na Benedita, num valor de aproximadamente 10 milhões de euros, distribuídos pelo novo centro escolar, pela construção do sintético, pela aquisição do recinto da feira, pela reparação do telhado do mercado, entre outros, acrescentando ainda o apoio dado à universidade sénior da Benedita com a cedência das instalações [faltando falar do negócio da compra dos terrenos para a Área de Localização Empresarial, acrescento eu].

O conflito com a Águas do Oeste
Outro assunto que dominou a noite foi o contrato existente entre a Câmara Municipal e a Águas do Oeste e o compromisso que a autarquia assumiu de pagar água que não consome. O presidente da Câmara Municipal informou que foi devolvida fatura relativa a água não consumida no ano de 2011, explicando que está esperançado no alcançar de um acordo, pelo menos enquanto a Água de Portugal, principal acionista, tiver exclusivamente capitais públicos.

Orçamento para 2014 diminui 5,9 milhões de euros face a 2013
Foi aprovado o orçamento municipal para 2014, no valor de 36 milhões de euros (face aos 41, 9 milhões de euros de 2013 – uma diminuição de cerca de 14%). Apoio social, atividades culturais e desportivas e delegação de competências para as freguesias são algumas das prioridades do orçamento. O documento prevê uma taxa de execução mínima de 85%. Foi aprovado por maioria, com a abstenção do PS e CDS e os votos contra da CDU.
O orçamento dos Serviços Municipalizados, a rondar os 10 milhões de euros foi aprovada também por maioria, apenas com os votos contra da CDU.
O mapa de pessoal da Câmara Municipal foi aprovado por unanimidade.
O mapa de pessoal dos Reviços Municipalizados foi aprovado por maioria, apenas com os votos contra da CDU.

Comentário

Finalmente Paulo Inácio disse com todas as palavras aquilo que todos os habitantes do norte do concelho sabem há muito: os investimentos são canalizados apenas para as freguesias a sul da Fervença.
O reconhecimento de que a Câmara não tem respostas para resolver alguns dos problemas do norte do concelho, ou que a solução dos problemas mais prementes não será rápida, foi apenas a evidência do ostracismo e discriminação que esta Câmara de Paulo Inácio se autoimpôs face a Pataias e Martingança e às suas populações.
Como se não bastasse, depois de um mandato em que nada fez no norte do concelho, vem-se vangloriar dos 10 milhões de euros investidos na Benedita nos últimos quatro anos «o maior investimento de sempre», adiantou, orgulhoso.
Só para recordar, são promessas assumidas por Paulo Inácio a construção de um novo centro escolar, a requalificação da Avenida Rainha Santa Isabel, a mudança do mercado, a construção de um parque desportivo e o alargamento da zona industrial da Alva de Pataias. Algumas destas promessas têm mais de 10 anos! Contas por baixo, são, curiosamente, 10 milhões de euros… E como se não fosse suficiente, quando chegou a altura de optar por um empreendimento de golfe na Pedra do Ouro ou em S. Martinho do Porto, a decisão pareceu óbvia: adie-se sine dia a Pedra do Ouro.

Curioso ainda, e face a estes factos, são os resultados eleitorais de setembro último. A Benedita, depois do «maior investimento de sempre», mudou para o PS. Pataias, depois do «maior esquecimento de sempre», segurou Paulo Inácio na cadeira do poder. Ironias… ou burrice?
Como interpretar o silêncio de todos os eleitos por Pataias e Martingança face a estas declarações de Paulo Inácio? Distraídos ou coniventes? Ou só foram lá pelas senhas de presença?

Uma palavra final.
De há muitos anos a esta parte, pela primeira vez houve muita gente de Pataias e Martingança na Assembleia Municipal. Contas por baixo, chegou-se à dúzia, entre Câmara Municipal, deputados da assembleia, representantes da Junta e público. Apesar de pouco interventivos, marcou-se presença e coincidência ou não, falou-se muito de Pataias e Martingança.

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