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sexta-feira, 17 de junho de 2016

Derrocadas na Pedra do Ouro

A notícia na edição 1191 do Região de Cister de 16 de junho de 2016

Pataias - pavimentação pode ter contribuído para queda no miradouro 
Derrocadas na Pedra do Ouro


Nos últimos meses, a praia da Pedra do Ouro, da União de Freguesias de Pataias e Martingança, foi palco de várias derrocadas. A mais grave ocorreu em fevereiro, com a queda de parte do miradouro, alcatroado dois meses antes. Há duas semanas, registou-se o desmoronamento de uma zona de arriba nas imediações do bar da praia. A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a Câmara de Alcobaça asseguram que estão a acompanhar a situação, mas, segundo aquela agência, “não estão revistos trabalhos de consolidação” na área da arriba afetada pelo recente “escorregamento”.
A situação preocupa alguns moradores da praia que têm acompanhado os vários desmoronamentos. “Ao longo do areal são visíveis as marcas das derrocadas que se vão sucedendo, umas de pequena dimensão outras de maior relevo, como aquela que aconteceu há duas semanas”, conta um desses residentes, que chama a atenção para o desmoronamento na zona do miradouro. “Dois meses depois do alcatroamento, o miradouro foi abaixo. Seriam obras de melhoria, mas o resultado foi pior”, acrescenta outro morador.
Ao REGIÃO DE CISTER, a APA esclarece que a pavimentação da estrada junto à crista da arriba no miradouro foi efetuada pela Câmara de Alcobaça, em dezembro de 2015. “Julga-se que a intervenção de restabelecimento do pavimento betuminoso, com as cargas transmitidas habitualmente a este tipo de intervenção à crista arriba, associada à livre descarga de pluviais diretamente para a arriba (..), poderão ter contribuído para a ocorrência verificada”, admite a APA. Esta entidade adianta ainda que, “face ao cenário de instabilidade das arribas em causa”, a reposição do pavimento “não deverá ser solução a considerar”, devendo, “pelo contrário, ser promovido o recuo da zona de circulação da crista da arriba”.
Para já, a Câmara de Alcobaça procedeu “à delimitação da zona com sinalização adequada e reforço da segurança com recurso a blocos de betão”, explica Hermínio Rodrigues, vereador das Obras Municipais e Ambiente. Em relação ao recente desmoronamento da arriba, o autarca frisa que o mesmo ocorreu “em zona não concessionada”, mas adianta que “a limpeza do areal será feita nas próximas duas semanas”.
Esse não é, no entanto, o entendimento da APA, que esclarece que nestas situações a remoção do material do areal “não costuma ser a norma”. “A atuação da ondulação neste ‘cone de dejeção’ [designação dada ao movimento de massa ocorrido na arriba] promoverá gradualmente a sua desagregação e desaparecimento”, explica a APA. Este organismo esclarece ainda que, na sequência de inúmeras deslocações” à praia, foram identificados locais para a colocação de sinalização de perigo relacionada com as arribas, tendo essa informação sido remetido a Câmara de Alcobaça, entidade que, em estreita colaboração com a APA procede à colocação da mesma”. 

Comentário

Não fosse a gravidade da situação, esta era uma "não notícia".
Os deslizamentos e a queda de arribas na Pedra do Ouro é algo que vem a acontecer com FREQUÊNCIA há já alguns anos. Neste período de tempo, nada foi feito para minimizar os impactos, nomeadamente o desvio ou encanamento pelas arribas das águas pluviais, ou mais sério, a proibição de construir sobre as arribas.
Com base nas evidências até ao momento e nas alterações climáticas registadas, haverão dois fenómenos que se repetirão nos tempos mais próximos (podem ser meses ou anos): períodos de intensa precipitação concentrada num curto período de tempo; tempestades marítimas de grande amplitude. Ambas as situações colocam em causa a estabilidade das frágeis arribas da Pedra do Ouro e as próximas derrocadas não serão de parques de estacionamento, mas de construções e habitações (esperemos que sem vítimas humanas).
E depois não venham culpar a chuva, o mar ou a trepidação feita pelas máquinas.
Lembrem-se antes de todas as licenças de construção que passaram para construírem sobre as arribas e dos pedidos de indemnização ou de auxílio financeiro que porventura virão por aí.

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