Do blogue "Mesozoico", de professores e alunos do Instituto Educativo do Juncal
Zonas de perigosidade geológica no litoral entre Nazaré e Vale de Paredes
Guilherme, J.; Cordeiro, A. R.; Silva, J.
Palavras-chave: Geologia; Movimentos de Massa; Risco Geológico
O trabalho que pretendemos desenvolver está relacionado com a perigosidade geológica da zona costeira entre a Nazaré e o Vale das Paredes (fig.1), designadamente com o perigo de derrocadas das arribas da zona em estudo.
As causas dos movimentos de massa de vertente podem ser agrupadas do seguinte modo:
i) causas externas, que provocam o aumento das solicitações sobre os maciços, mantendo-se constante a resistência dos mesmos;
ii) causas internas, que causam a redução da resistência dos maciços.
As causas externas englobam: 1 – Modificações da topografia; 2 – Descarga (exemplo: erosão especialmente no sopé do talude); 3 – Sobrecargas; 4 – Vibrações e impactos (exemplo: sismos); 5 – Modificações no regime de percolação de água (exemplo: precipitações intensas). As causas internas englobam: 1 – Rotura progressiva; 2 – Alteração (exemplo: meteorização); 3 – Erosão por escoamento subterrâneo (exemplo: dissolução). Os dois tipos de causas actuam frequentemente em conjunto, criando as condições para a ocorrência dos movimentos.
Na zona da Nazaré (fig.2) as formações presentes são constituídas essencialmente por areias da praia, sendo a arriba a NE constituída por rochas do Cretácico. De Norte para Sul, as areias de praia formam uma estreita faixa litoral mais ou menos contínua, com pequenas interrupções na escarpa entre a ponta de Guilhim e a Nazaré. A arriba (fig.3) é constituída principalmente por uma alternância de argilas, arenitos, margas, calcários margosos e calcários.
A praia do Norte é constituída também por areias de praia e por rochas do Paleogénico, (Oliglócenico e Eocénico indiferenciados). Na zona do Vale Furado, Falca e Légua as formações são greso-argilosas e pertencem ao Miocénico.
A maioria das situações de instabilidade, estão associadas à erosão diferencial, em que as formações mais resistentes sofrem uma erosão menos acentuada do que as formações mais friáveis como as margas, nestas os processos erosivos evoluem de modo rápido deixando em consola (salientes) as formações mais resistentes que estão sobrejacentes. No caso da Nazaré podemos ter calcários do Cretácico em consola.
Estes acontecimentos podem ter consequências graves, principalmente, na época balnear, pois é nesta época que se verifica uma maior afluência de população às praias. E, por vezes, quando ocorrem movimentos de massa, estes podem atingir a população causando ferimentos e mortes.
Apesar da instabilidade das arribas continuam a edificar-se novas construções junto a estas. Durante uma saída de campo, no intuito de observar as situações de instabilidade das arribas, verificámos um número elevado de derrocadas e movimentos de massa.
Concluímos então que é necessário continuar a realizar acções de prevenção junto das populações, principalmente a norte de Nazaré. Na praia da Nazaré já se precedeu, desde 2007, à colocação de vedações de modo a evitar a aproximação e a permanência de pessoas da base da arriba. Além disso deverá haver uma maior fiscalização destas zonas, de modo a que não continue a existir actividade antrópica que potencie perigos geológicos.
Para sugestões, comentários, críticas e afins: sapinhogelasio@gmail.com
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