Para sugestões, comentários, críticas e afins: sapinhogelasio@gmail.com

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Subvenções dos políticos - Junta e Assembleia de Freguesia

Resumindo:

União de Freguesias de Pataias e Martingança
Presidente da União de Freguesias de Pataias e Martingança
- regime de não exclusividade: 724,88 euros 
- despesas de representação (12 meses - regime de não exclusividade): 211,09 euros

Secretário e Tesoureiro da Junta da União de Freguesias de Pataias e Martingança
- Compensação para encargos (regime de não permanência): 244,24 euros

Vogais da Junta da União de Freguesias de Pataias e Martingança
- Senhas de presença (por reunião - 2 reuniões ordinárias/mês): 21,37 euros

Membros da Assembleia de Freguesia
- Senhas de presença (por sessão - 4 sessões ordinárias/ano): 15,27 euros

Para a Câmara Municipal
Presidente da Câmara Municipal de Alcobaça
- regime de exclusividade a tempo inteiro: 3624,41 euros
- despesas de representação: 1110,97 euros

Vereadores 
- a tempo inteiro em regime de exclusividade: 2899,53 euros
- despesas de representação: 592,52 euros

- em regime de não permanência: 76,30 euros (por reunião do executivo - 2 reuniões ordinárias/mês)

Para a Assembleia Municipal
Presidente: 114,45 euros (por sessão - 5 sessões ordinárias/ano)
Secretários: 95,38 euros (por sessão)
Restantes membros da Assembleia Municipal: 76,30 euros (por sessão)

Para mais informações: aquiaqui e aqui.

Estórias com história


domingo, 29 de outubro de 2017

Contributos para reflexão na reflorestação do Camarção de Pataias

A fixação e arborização das dunas do litoral

Até meados do século XIX, uma vasta extensão das costas marítimas do nosso território eram constituídas por extensos campos dunares de areias móveis, que instigados pelos ventos atlânticos, invadiam os terrenos agrícolas adjacentes e obstruíam muitas das barras dos nossos rios. Exemplos desta realidade são o assoreamento das charnecas e lezírias do vale do Lis e o assoreamento da barra da ponte da barca que forçou à mudança definitiva do porto da Pederneira para a praia da Nazaré. O avanço destes campos dunares traduzia-se em graves prejuízos para a economia e populações do litoral.
Reza a história, que D. Afonso III e D. Dinis, cientes desta realidade, iniciaram ainda no Séc. XIII as primeiras tentativas de estabilização destas dunas litorais e salvaguarda dos férteis terrenos do interior através do plantio de vastas áreas de floresta. As Matas Nacionais do Camarido (Caminha), das Dunas de S. Jacinto (Aveiro), de Leiria (Pinhal do Rei) ou das Dunas de Vila Real de Santo António (Monte Gordo – Algarve) são, talvez, os mais famosos exemplos. Para tal, socorreram-se de uma árvore que não existia em território nacional mas comum em França e no Norte de Itália (Bolonha), de onde a primeira mulher de D. Afonso III, D. Matilde, era originária. Essa árvore, então exótica, é o pinheiro bravo, adaptável à secura dos solos arenosos mas resistente aos ventos húmidos oceânicos.
No entanto, apenas no final do séc. XVIII se reiniciam os trabalhos para reflorestar estas áreas de baldio, embora sem grande sucesso. No decorrer do século XIX, decorrem as primeiras sementeiras metódicas, sendo florestados mais de 3000 ha de dunas do litoral. As dunas do Pinhal de Leiria são as primeiras, no período de 1850-1851, as da Alva de Pataias, em 1936, são as últimas. Ao todo, cerca de 23350 ha de dunas são florestadas entre 1850 e 1936 (http://www.drapc.min-agricultura.pt/base/documentos/dunas_areas_arborizacao.htm).

Aspeto das dunas do litoral no primeiro quartel do século XX




A estabilização das dunas através da construção dos ripados





A recolha do moliço e a plantação/ sementeira do penisco







Toda a informação e fonte das fotografias em:
http://www.drapc.min-agricultura.pt/base/documentos/fixacao_dunas.htm

Câmara Municipal já atribiu pelouros aos vereadores

A notícia em:
http://www.beneditafm.pt/?p=36004

Alcobaça: Câmara já distribuiu os pelouros pelo executivo municipal

O presidente da Câmara Municipal de Alcobaça voltou a nomear esta quarta-feira, 25 de outubro, na primeira reunião do executivo após a tomada de posse, o vereador Hermínio Rodrigues como vice-presidente, tendo ainda distribuído os pelouros.
Assim, neste novo mandato, o presidente Paulo Inácio é responsável pelo ordenamento e gestão urbanística, gabinete de planeamento estratégico e desenvolvimento, departamento jurídico e administrativo, departamento de gestão financeira, gabinete de desenvolvimento e avaliação de recursos humanos, gabinete de protecção civil, gabinete de relações públicas e protocolo, fiscalização municipal e água e saneamento.
O vice-presidente, Hermínio Rodrigues, dirige os pelouros das obras municipais, do ambiente, projetos municipais, gestão das zonas industriais, cadastro imobiliário e informática.
A vereadora Inês Silva coordena os pelouros da educação, ação social, juventude, associativismo, cultura e turismo.
O vereador João Santos, que integra o executivo pela primeira vez, tem a seu cargo os pelouros do desporto, taxas e licenças, trânsito e desenvolvimento rural.
Os três vereadores eleitos pela oposição, Cláudia Vicente (PS), César Santos (PS) e Carlos Bonifácio (CDS-PP) exercerão os seus mandatos sem qualquer pelouro atribuído.
A distribuição dos pelouros foi aprovada com uma abstenção do CDS-PP.
A vereadora Cláudia Vicente referiu que o PS votou a favor, por entender que “a distribuição das competências dos vários pelouros por mais um vereador poderá trazer celeridade na resposta aos munícipes”.

Neste mandato de 2017/2021, as reuniões camarárias serão realizadas quinzenalmente, às segundas e quartas-feiras.

sábado, 28 de outubro de 2017

Balanço do incêndio de 15 de Outubro

A notícia em:
https://regiaodanazare.com/Alcobaca_com_tres_mil_hectares_ardidos_e_dez_habitacoes_destruidas

Alcobaça com três mil hectares ardidos e dez habitações destruídas

O fogo que deflagrou no passado dia 15, consumiu três mil hectares de floresta em Alcobaça, onde arderam dez habitações de segunda habitação, informou o presidente da Câmara de Alcobaça, Paulo Inácio.

O autarca refere que durante o combate às chamas sentiu falta de meios da Proteção Civil, e que apenas na segunda-feira, dia 16, recebeu apoio de militares.
Paulo Inácio realçou o excelente trabalho dos bombeiros pela entrega, determinação, empenho e profissionalismo, que no terreno evitaram males maiores. No local estiveram as Corporações de Pataias, Alcobaça, São Martinho do Porto, Benedita, Nazaré, Marinha Grande, Maceira, Juncal, Óbidos, Bombarral, Ortigosa, Batalha e Mira de Aire.
Os impactos do fogo na economia são, agora, uma preocupação para a Câmara, já que paisagem marítima ficou completamente destruída, ao longo de vários kms, e isso poderá refletir-se em perdas ao nível do turismo.
O fogo criou "um problema ambiental brutal, sendo necessário salvaguardar agora os aquíferos, que podem ser contaminados pela matéria ardida”, disse Paulo Inácio, que falava aos jornalistas após uma reunião de autarcas do distrito com o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos.
Além disso, será também necessário "proceder ao corte de árvores junto da rede rodoviária", face ao perigo de estas caírem para as estradas.
Nesse sentido, apelou à articulação entre municípios e Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) para que se possa avançar com a ação de forma "imediata".
Paulo Inácio frisou ainda que vai ser feita uma ação de "sensibilização muito forte junto dos proprietários", por forma a que "não hajam mudanças de tipologia da floresta que há naquela zona, povoada por pinheiros, nomeadamente pinheiros mansos”.
"Queremos manter a tipologia de pinheiro e garantir que os proprietários não vão para a opção de rendimento mais rápido, que é o eucalipto. Eu não quero mais isso no meu município”.
O incêndio que deflagrou na tarde de domingo, dia 15, na Burinhosa, no concelho de Alcobaça, e que se estendeu para os concelhos de Marinha Grande, Leiria e Pombal, deixou um rasto de destruição e 17.250 hectares ardido, o que representa 80% da mata nacional".

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Reforço no controlo da qualidade da rede pública

A notícia em:
https://www.rtp.pt/noticias/pais/regulador-reforca-controlo-para-evitar-contaminacao-da-agua_n1036499

Regulador reforça controlo para evitar contaminação da água

A Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos deu instruções a todas as entidades gestoras para reforçarem as medidas preventivas face ao risco de contaminação da água pelas cinzas dos incêndios que ocorreram na região centro.

Em resposta a questões colocadas pela agência Lusa, a ERSAR aponta como exemplos destas medidas preventivas a "identificação das origens mais críticas em função da área ardida, a sua inspeção visual e o controlo laboratorial de alguns parâmetros antes e durante o período de chuvas, designadamente cor, turvação, pH, condutividade, carbono orgânico total e dissolvido, oxidabilidade, fósforo, nitratos e azoto total".
O regulador diz que "tem prestado apoio técnico a todas as entidades gestoras que o solicitem" e que vários técnicos da ERSAR se têm deslocado às entidades gestoras "para avaliar situações e recomendar procedimentos", acrescenta.
Foi igualmente criado no portal da ERSAR uma área específica para que as entidades gestoras possam solicitar apoio relativamente a questões relacionadas com a seca e esclarecer dúvidas sobre o impacto dos fogos florestais na qualidade da água.
A ERSAR recorda ainda que, enquanto membro do grupo de trabalho que assessora tecnicamente a Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca "tem acompanhado os trabalhos e intervindo ativamente na definição de medidas nas matérias da sua competência relativamente ao abastecimento público de água destinada ao consumo humano".
Na semana passada, o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, anunciou que será disponibilizado um montante de 15 milhões de euros para a estabilização de emergência, que inclui a minimização do risco de erosão dos solos.
"De imediato, [vamos] disponibilizar 15 milhões de euros àquilo a que chamamos a estabilização de emergência, que tem a ver com as ações que visam minimizar os riscos da erosão, da contaminação das linhas de água e dos declives", referiu.
A propósito do perigo de contaminação das águas, os Serviços Municipalizados de Alcobaça solicitaram às populações afetadas pelos incêndios para não beberem água da rede pública devido às cinzas arrastadas pelas chuvas da semana passada.
Em causa estava a qualidade da água em Pataias, Martingança, Burinhosa, Paredes da Vitória, Légua, Falca, Água de Madeiros, Pedro do Ouro e Vale, devido ao arrastamento "de cinzas" resultantes dos dois incêndios que deflagraram no dia 15 na freguesia de Pataias para a rede pública de abastecimento.
O arrastamento ocorreu na sequência da chuva que caiu no concelho nos dias 16 e 17 deste mês.

Martingança - Desfile de moda infantil


quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Água da rede pública já pode ser consumida sem restrições

A notícia em:
http://www.regiaodecister.pt/noticias/agua-no-norte-do-concelho-de-alcobaca-ja-nao-esta-contaminada

Água no norte do concelho de Alcobaça já não está contaminada

A rede pública de abastecimento de água do norte do concelho de Alcobaça já não está contaminada.

A garantia é dada pela Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos, que adiantou, esta terça-feira, que a contaminação já está "ultrapassada".

Em declarações à Renascença, o presidente de entidade reguladora, Orlando Borges, esclarece que “os serviços municipalizados actuaram em conformidade, houve uma restrição, procuram outra origem e a certa altura a questão foi ultrapassada”.

Depois dos incêndios que afetaram a região nos dias 15 e 16, a rede pública de abastecimento de água foi contaminada pelas cinzas.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Assembleia de Freguesia de Pataias - Tomada de posse

Decorreu no passado domingo, dia 22 de outubro pelas 18h, no Auditório dos Bombeiros Voluntários de Pataias, a tomada de posse da Assembleia de Freguesia e Junta de Freguesia da União de Freguesias de Pataias e Martingança para o período 2017-2021.
Na constituição da nova Assembleia de Freguesia estão 8 eleitos pelo PSD, 4 pelo PS e 1 pelo CDS-PP.
A Junta de Freguesia é constituída por 5 elementos eleitos pelo PSD.

A nova Junta de Freguesia
Presidente - Valter Ribeiro
Secretário - Dário Moleiro
Tesoureira - Laura Pataca
Vogais - Luís Henriques e Vasco Marques

A nova Assembleia de Freguesia
Presidente - Ricardo Santos
Primeiro Secretário - Paulo Pereira
Segundo Secretário - Juliana Santos

Tomada de posse da Assembleia e Câmara Municipal

A notícia em:
http://regiaodecister.pt/noticias/empossados-eleitos-da-camara-e-da-assembleia-de-alcobaca

Empossados eleitos da Câmara e da Assembleia de Alcobaça



Os eleitos da Câmara e Assembleia Municipal de Alcobaça para o mandato 2017-2021 tomaram posse este sábado, numa cerimónia que teve lugar no Refeitório do Mosteiro de Alcobaça.
O social-democrata Paulo Inácio, que avançou para o terceiro e último mandato, apresentou as linhas orientadoras para o novo ciclo: "somos merecedores de um parque verde, de um pavilhão multiusos, do aproveitamento do património histórico para fins turísticos, do welcome center, de novas zonas industriais, da ligação umbilical e turística entre Alcobaça e Nazaré através do Rio Alcoa, da requalificação museológica, da criação de ciclovias e a implementação de mobolidade urbana sustentável e a eliminação de barreiras arquitetónicas”. “Tudo isto alcançada através de fundos comunitários”, acrescentou o chefe do executivo municipal.
“Apesar da maioria obtida, saberemos ouvir e respeitar a diversidade de opiniões na observância dos mais elementares e fundamentais principios democráticos”, frisou o presidente da Câmara. Paulo Inácio volta a fazer-se acompanhar por Hermínio Rodrigues e Inês Silva, contando com o "reforço" de João Santos. Já o PS, que elegeu dois vereadores, renova os vereadores com Cláudia Vicente e César Santos. Carlos Bonifácio (CDS-PP) volta a ocupar lugar na vereação.
Foi ainda instalada a nova Assembleia Municipal, tendo o PSD conquistado 10 mandatos (Luís Félix Castelhano, Eduardo Marques, Liliana Sousa, Pedro Mateus Guerra, Telmo Moleiro, Carla Figueiredo, Raul Duarte, Marcelo  Gil, Sandra Vicente e Fernando Vitorino), o PS cinco mandatos (Leonel Fadigas, Luís Polido, Ana Vicente, Vera Loureiro e Rui Alexandre), o CDS-PP quatro (Rosa Domingues, António Querido, Mário Gonçalves e Susana Marques) e a CDU dois mandatos (Luís Crisóstomo e Maria Clementina Henriques). Luís Castelhano foi reeleito presidente da Mesa da Assembleia.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

O grande incêndio do Pinhal de Leiria em 1916

A notícia em:
http://observador.pt/2017/10/16/ha-101-anos-um-grande-incendio-consumiu-o-pinhal-de-leiria-foi-assim/

INCÊNDIOS
Há 101 anos, um grande incêndio consumiu o Pinhal de Leiria. Foi assim

Em 1916, 150 hectares de pinhal arderam em Leiria e levantaram dúvidas sobre as políticas de proteção da floresta. Cento e um anos depois, tudo parece repetir-se. Na época, foi assim que aconteceu.

Em 1916, Portugal tinha uma luta em mãos: o país, especialmente a região centro, estava constantemente a ser fustigada por incêndios de grandes dimensões. Numa edição do jornal “O Século” de 25 de setembro de 1916, Acácio de Paiva — poeta e jornalista leiriense que também contribuía para jornais como o “Diário de Notícias” e “O Mensageiro” — dizia que “os repetidos incêndios no pinhal de Leiria, a maior e melhor mata do Estado, constituindo uma verdadeira riqueza natural, tem chamado a atenção de toda a imprensa, que reclama, com os habitantes da região, providências urgentes dos poderes públicos”. E depois opinava: “Estes ouviram as reclamações, mas triste foi que se tivessem de formular, porque remediar vale muito menos do que prevenir“.

As perguntas que Acácio de Paiva assinava numa crónica da Ilustração Portuguesa eram muito semelhantes às que hoje ainda se formulam: “Serão [os planos para diminuir os incêndios] ao menos eficazes? Conseguir-se-á uma vigilância suficiente e permanente? Não se voltará, passada a impressão da catástrofe, à indiferença do costume? Será necessário fundar uma Sociedade dos Amigos do Pinhal de Leiria, como se fundou a dos Amigos do Jardim Zoológicos, a dos Amigos do Castelo de Leiria, a dos Amigos da Amadora, etc., e todas elas mais cuidadosas do que as repartições cujo fim é, precisamente, a defesa do património geral?”

A revolta de Acácio Paiva tinha raízes num incêndio que consumiu grande parte do Pinhal d’El Rei, mandado construir por D. Afonso III e aperfeiçoado por D. Dinis, no início de setembro daquele ano. O mesmo que este domingo foi ameaçado pelas chamas, obrigando a evacuar aldeias e vilas no distrito de Leiria.

A 4 de setembro de 1916, sensivelmente há 101 anos, a edição número 550 do suplemento “Ilustração Portuguesa”, que acompanhava o jornal “O Século”, enchia quatro páginas de jornal com um texto assinado por Floreano sobre o que havia acontecido dois dias antes no pinhal da Marinha Grande e de como a população lutou contra o fogo. 

Pode lê-lo na íntegra aqui em baixo.

“O fogo extinguira-se dois dias antes. Que pena não ter passado por ali naquela ocasião! Devia ser um espetáculo assombroso! Parecia que o chão ainda escaldava debaixo dos pés e que no ar mal de dissipavam os últimos novelos de fumo e de cinzas.

Trepei ao alto de uma duna fixada e convertida pelo precioso trabalho dos pinheiros num monte sólido e fértil. Era simplesmente desolador! Estendia-se diante de mim, a perder de vista, um trato de muitos hectares de pinhal novo, com as suas ramas torrificadas, mas ainda aderentes pela sua resistência excecional. Ao de cima dessa extensa massa carbonizada erguiam-se tristonhos, aqui e além, os pinheiros velhos, de cuja semente haviam nascido os outros. Apesar de uma altura de 20 metros ou mais, as suas comas haviam sido alcançadas pelas labaredas! Mortas e bem mortas, aquelas gigantes sentinelas das dunas! Recordavam as heróicas sentinelas de Pompeia, surpreendidas e incineradas nos seus postos pela lava do Vesúvio, conservadas na mesma forma e na mesma atitude, através de séculos, ao abrigo das abóbadas sob que ficaram sepultadas. Desfizeram-se com a primeira lufada de ar fresco que lhes trouxeram as excavações dos arqueólogos. Também os primeiros sopros ásperos de outono hão de reduzir às linhas hirtas e falhadas do seu esqueleto tantos milhares de árvores, há poucas horas ainda tão verdes e orgulhosas do seu porte, se antes disso o machado do lenheiro não fizer desaparecer a obra infame do incendiário.

Que dor de alma ver tanta floresta destruída numa época tão angustiosamente falha de madeira e de lenha! Aquele crime enormíssimo nem parece ter sido cometido por portugueses contra sua própria terra, contra a sua própria vida e a da sua família; porque, devorado pelo fogo o Pinhal de Leiria, essa majestosa floresta de 25 quilómetros por 9, deixou de ter razão a existência de todos os povos que vivem à sua sombra saudável e hospitaleira.

E como essa dor se refletia nos olhos e nas palavras de um pobre velho, que ainda hoje é dos primeiros a acudir os fogos do Pinhal, que lhe doem, que o afligem como se da sua casinha em chamas! Não tinha memória de outro em semelhantes circunstâncias. Sempre foram 150 hectares, ou seja um milhão e quinhentos mil metros quadrados de pinhal, novo e velho, absolutamente perdidos. As chamas rebentaram em três pontos ao mesmo tempo. Tocadas pelo vento e alimentadas pelo mato miúdo e pela caruma seca que cobriam o solo, não tardaram a cruzar-se num grande mar de fogo. Uma coisa sublimemente horrível!

Buzinas, apitos, toques de sino, gritaria, alvoroçaram as povoações convizinhas, das quais a principal é a vila da Marinha Grande. Nas fábricas, nos campos, em casa não ficou ninguém. Todos munidos de enxadas, machados, pás, forquilhas, ancinhos, do primeiro instrumento que topavam à mão, abalaram desordenadamente para atacar o fogo; e centenas de mulheres também se puseram a caminho, com cântaros de água da cabeça para matar a sede aos homens, que devia ser insaciável no meio da faina debaixo daquela torreira.

Na fúria com que toda a gente se atirava ao fogo não havia visivelmente um plano de ataque, executando a uma voz imperiosa de comando; mas havia uma perícia e uma tática individuais que davam ao conjunto dos esforços uma admirável unidade de ação. Abrem-se aceiros, compridos e largos, machadando sem piedade belas árvores para atalhar a marcha galopante do fogo, que as devoraria, a elas e a muitas mais, sendo admirável como essa gente se estendia numa linha rigorosa de combate, sem se estorvar uma à outra.

Já se sentia o bafão estiolante do fogo, o crepitar do lenho verde abarcado pelas labaredas, o rugir surdo da fornalha rolante, em que esses valentes se podiam ver, de um momento para o outro e irremediavelmente, envolvidos; mas eles continuavam a manejar o machado, com o rosto afogueado, escorrendo em suor e arfando fortemente como os antigos ciclopes na forja abrasadora. Outros roçavam o mato e procuravam arredá-lo do caminho do fogo; estes deitavam pás de terra sobre a vegetação miúda para o abafar; aqueles abriam arrifes à enxada tentando atalhar-lhe a marcha de todas as formas possíveis. Daqui como se despegavam chamas para ir levar o incêndio muitos metros além, cercando por vezes os homens com tal surpresa que dificilmente saíam ilesos.

São tão rápidos estes saltos do fogo, tão caprichosas e vivas as voltas que ele dá, que nem aos bichos que vivem acoitados na floresta lhes vale o instinto e a agilidade para escaparem. Raposas, coelhos, lebres, cobras, ouriços, texugos, parecem todos tomados de loucura e, na sua fuga, esbarram nos homens, metem-se debaixo das enxadas e dos machados, caem carbonizados dos matagais ardentes! As próprias aves, como as rolas — as pobrezinhas! — nem se desenvecilham num voo alto por entre os pinheiros espessos a tempo de se salvar.

Também se lhes encontram os restos nas cinzas do imenso braseiro.

Mas a fase culminante da batalha é o contrafogo. Abre-se um aceiro largo. Lança-se lumo, bem entendido, do lado onde lavra o incêndio. Este novo fogo vai ao encontro do outro. Avançam ambos velozes, rosnam cóleras tremendas, chocam-se com estranho estampido e ambos expiram numa explosão medonha, indo as últimas línguas de fogo e rolos de fumo desfazer-se bem alto na atmosfera.

Segue-se então brusco um silêncio de morte. Se o mar encrespado, bramindo furioso, se estagnasse de súbito num lago dormente, não nos chocaria mais brutal impressão de contraste. Até o vento se acalmou. A forte exclamação de vitória, de alívio, saiu uníssona de tantas bocas, sucedeu o arfar surdo do cansaço e o sorvo ansioso de muitos cântaros de água, atirando-se toda essa gente, extenuadíssima, para o chão, onde não andara o lume, e contemplando com os olhos embaciados de água tão hediondo quadro de devastação.

E o que iria talvez a essa hora, de remorso no espírito dos bárbaros incendiários ao contemplarem, sabe Deus de onde, os horrorosos efeitos da sua obra nefasta? Daí…

Ou Nero mandasse deitar, ou não, fogo a Roma para deliciar a sua alma negra com os horrores de tão estranho espetáculo; o que é facto é que ele pôs-se, todo enlevado, a entoar ao som da lira um hino ao célebre incêndio de Tróia!”






sexta-feira, 20 de outubro de 2017

GD Martingança na 2ª divisão Campeonato Nacional de Voleibol

A notícia em:
http://www.dnoticias.pt/desporto/cs-maritimo-e-cs-madeira-iniciam-competicao-nacional-em-casa-DJ2209467

CS Marítimo e CS Madeira iniciam competição nacional em casa

A competição nacional de voleibol regressa este fim-de-semana. O CS Marítimo a competir na Série B da 1.ª Fase do Campeonato Nacional da 2.ª Divisão, de Seniores Masculinos, terá como adversários o GD Martingança, o CV Espinho, o CD Fiães, o AC Albufeira, o CN Ginástica e o CV Oeiras.

O primeiro jogo dos verde-rubros é no próximo sábado, dia 21 de Outubro, às 18 horas, no Pavilhão do Complexo Desportivo do CS Marítimo, onde receberá o CV Espinho (Clube Voleibol de Espinho), uma das quatro equipas desta série que já disputaram um jogo e, a par do GD Martingança lideram a classificação com 3 pontos.

Fruto da alteração do modelo competitivo para esta prova, as equipas madeirenses, quer no masculino, quer no feminino, terão de fazer tudo para passar à 2.ª Fase da competição para a Série dos Primeiros, grupo que disputa o título e respectiva subida. Caso isso não aconteça, a competição acaba para quem se qualificar para a Série dos Últimos.

Nos femininos, o CS Madeira a competir na Série B da 1.ª Fase do Campeonato Nacional da 2.ª Divisão, de Seniores Femininos, terá como adversários a AA José Moreira, o CN Ginástica, o CV Lisboa, o Esmoriz GC, a AA Coimbra e a Escola Pedro Eanes Lobato.

O primeiro jogo das madeirenses será no próximo domingo, dia 22 de Outubro, às 17 horas, no Pavilhão da Levada, frente ao CN Ginástica (Clube Nacional de Ginástica). O CS Madeira é a única equipa que ainda não disputou qualquer jogo nesta série composta por 7 equipas e irá defrontar o CN Ginástica que lidera a série, a par da AA José Moreira, ambas com apenas um jogo disputado, com 3 pontos.

Registo dos grandes incêndios no Camarção de Pataias

José Bonifácio de Andrada e Silva, sócio das Academias Reais de Ciências de Lisboa (entre outras), foi no início do século XIX (mais precisamente entre 1802 e 1808), encarregado de dirigir as sementeiras e plantações nos areais das nossas costas, mais precisamente em Couto de Lavos (Aveiro), cujas terras de lavoura «estavam em perigo eminente de ser alagadas, e subterradas pelas areias do mar». Em 1815 editou a sua «Memória sobre a necessidade e utilidade do plantio de novos bosques em Portugal, particularmente de pinhais nos areaes da beira-mar; seu método de sementeira, costeamento e administração».

Neste trabalho, Andrada e Silva fez uma extensa caraterização dos areais da nossa costa, assim como do tipo de intervenção a realizar em cada um deles, em especial, das caraterísticas da vegetação a semear, das obras de proteção a realizar e dos custos previstos para tudo isso.

Referia no seu estudo, que entre a costa de Mira e Pataias, as dunas avançavam cerca de três braças (cerca de 6,5 metros) ao ano, havendo mesmo lugares em que as areias haviam avançado já mais de meia légua (o que em 1815 corresponderia a aproximadamente 3,3 km).

Identificando vários lugares muito húmidos, entre os quais a lagoa de Pataias, recomendava nesses lugares o plantio de Amieiros, Choupos e Salgueiros, em oposição aos pinheiros e «outras árvores de sequeiro», como lhe chamava. No «terrível camarção de Pataias», nos baixos e covas de charnecas arenosas, defendidas dos ventos Norte e Noroeste, colhia-se «bom centeio e milho grosso». Referia ainda que em 1769, a «vasta charneca arenosa do termo da Marinha Grande […] estava quase inculta; e havia perto de 3 milhões de braças quadradas [aproximadamente 1450 hectares] de baldio desaproveitado». Para se ter uma noção, as “Alvas” da freguesia de Pataias e Martingança tinham uma extensão total de 1079 hectares, em 1918, aquando a sua integração no Regime Florestal Parcial.

Em 1861, na sessão de 1 de julho, os deputados das Cortes são informados da carta «dos povos de Pataias, Brunhosa, Martingança e Moita, da freguezia de Pataias, concelho de Alcobaça, pedindo que se lhes permitta amanhar os baldios do pinhal nacional de Leiria». (ver: http://sapinhogelasio.blogspot.pt/2013/04/pataias-no-parlamento-em-1861.html).

Em 1917, a pedido da Câmara Municipal de Alcobaça, os baldios existentes na freguesia de Pataias e «cujas areias caminham à mercê dos ventos», são integrados no Regime Florestal Parcial, através do decreto 3264 de 27 de julho. Esses baldios são as denominadas «Alvas»: Alva de Água de Madeiros (60,49 hectares), Alva da Senhora da Vitória (306,20 ha), Alva da Mina do Azeche (213,61 ha) e Alva de Pataias (507,75 ha), perfazendo na época 1079,02 hectares. Hoje essa área atualmente é de “apenas” 864,60 hectares (ver mais em: https://sapinhogelasio.blogspot.pt/2015/08/as-alvas-da-freguesia-de-pataias.html). De referir, no entanto, que a Câmara Municipal fazia referência a 1092,76 hectares aquando o anúncio da delimitação dos respetivos polígonos.



A campanha de arborização das Alvas da então freguesia de Pataias é iniciada em 1918 e prolonga-se até 1936. 



No total, 1088 hectares são arborizados, sendo que desses, 9 hectares são rearborizações na Alva de Pataias.

Os grandes incêndios no Camarção (e nos pinhais da beira-mar)

1941
Em 1941 (21 e 22 de Agosto), ocorre o primeiro grande incêndio na freguesia, neste caso, no Pinhalinho. Curiosamente, em 1942 a empresa Pinhais do Camarção (constituída em 1919) é dissolvida e os terrenos são vendidos ao “Espanhol”. Provavelmente a dissolução da empresa e a venda dos terrenos terá sido uma consequência deste grande incêndio. (mais informações em: http://sapinhogelasio.blogspot.pt/2013/11/o-pinhalinho.html, http://sapinhogelasio.blogspot.pt/2010/11/o-pinhalinho.html, http://sapinhogelasio.blogspot.pt/2010/11/o-pinhalinho-e-cova-do-forno.html ).





1993
O segundo grande incêndio de que há registo ocorre já nos finais do século XX, mais precisamente em março de 1993. Durante alguns dias, 70 hectares de pinhal arderam na Alva da Senhora da Vitória «uma área maior do que todas as que têm ardido desde que a corporação [dos Bombeiros de Pataias] existem», escrevia Emídio de Sousa no Jornal de Pataias.



No mesmo ano de 1993, a 29 de Agosto, um incêndio na Alva da Mina do Azeche destrói 40 hectares de pinhal e mato e duas barracas de madeira junto a Vale Furado.



1994
Em 1994, a 15 de abril, são consumidos pelo fogo 110 hectares de mato e pinhal na zona do Vale Fundo e Figueirinha. Combatem o incêndio florestal 126 bombeiros e 17 viaturas.



2010
Em 2010, a 27 de julho, ardem 30 hectares na Alva da Senhora da Vitória, entre o Vale de Paredes e o Pinhalinho.  Foram envolvidos 126 homens, 33 viaturas e 3 meios aéreos.
(Ver: http://sapinhogelasio.blogspot.pt/2010/07/incendio-na-alva-das-paredes-da-vitoria.html).

2015
Em 2015, a 7 de Agosto, um incêndio na Alva de Pataias destrói 146 hectares de floresta. São envolvidos 387 operacionais, 144 veículos terrestres, 4 meios aéreos, 2 máquinas de rasto e tem a duração de 3 dias. Os utentes e residentes da ABEOTL de Pataias são evacuados. Os 146 hectares correspondem à área compreendida entre a “curva da morte” e as piscinas de Pataias, entre a Lagoa e os Outeirões.
(Ver: http://sapinhogelasio.blogspot.pt/2015/08/alva-de-pataias-mais-de-150-hectares.html).

2017
Em 2017, 15 de Outubro, incêndio florestal iniciado na Légua e que se estendeu (e ultrapassou) o limite norte da freguesia com o concelho da Marinha Grande. O fogo atingiu uma área de mais de 3000 hectares, apenas na União de Freguesias de Pataias e Martingança.
O fogo iniciado na Légua foi combatido por 97 bombeiros, 35 viaturas e 1 meio aéreo. O fogo iniciado na Burinhosa  contou com 355 operacionais e 112 viaturas.
Ao todo, este grande incêndio nos concelhos de Alcobaça, Marinha Grande e Leiria, destruiu 18536 hectares, dos quais 70% de pinhal, 27% de matagais de transição (mato – pinhal) e apenas 1% de áreas agrícolas.
(Ver: http://sapinhogelasio.blogspot.pt/2017/10/o-grande-incendio-para-memoria-futura.html).

Coincidência (ou talvez não):
Em agosto de 2015 estávamos numa situação climatológica classificada de "seca severa", em outubro de 2017 estamos em "seca extrema".
(Ver: http://sapinhogelasio.blogspot.pt/2015/08/incendio-na-alva-de-pataias.html).

Nota: Um muito obrigado ao Tiago Inácio que descobriu parte da informação e disponibilizou os recortes dos jornais.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

A área ardida na última semana

Porque às vezes perdemos a noção da realidade...

Sem dúvida que este é o maior incêndio florestal de sempre na nossa região.
Mas, pelo menos na nossa freguesia, não se perderam vidas humanas, nem foram destruídas primeiras habitações.

As imagens que se seguem podem fazer-nos perceber a verdadeira dimensão da nossa catástrofe... e a dimensão da catástrofe dos outros.

As imagens foram retiradas hoje do site:
http://effis.jrc.ec.europa.eu/static/effis_current_situation/public/index.html


Pataias: água da rede imprópria para consumo

A notícia em:
http://24.sapo.pt/atualidade/artigos/agua-de-pataias-alcobaca-contaminada-com-cinzas-dos-fogos-arrastadas-pela-chuva

Água de Pataias, Alcobaça, contaminada com cinzas dos fogos arrastadas pela chuva

Os Serviços Municipalizados de Alcobaça solicitaram hoje às populações afetadas pelos incêndios para não beberem água da rede pública devido às cinzas arrastadas pelas chuvas dos dois últimos dias.

”Solicita-se a colaboração das pessoas no sentido de não beberem água da torneira sem ser fervida, podendo ser utilizada para banhos e cozeduras”, referem os Serviços Municipalizados de Alcobaça num aviso emitido hoje à população.
Em causa está a qualidade da água em Pataias, Martingança, Burinhosa, Paredes da Vitória, Légua, Falca, Água de Madeiros, Pedro do Ouro e Vale, devido ao arrastamento “de cinzas” resultantes dos dois incêndios que no domingo deflagraram na freguesia de Pataias para a rede pública de abastecimento.
O arrastamento ocorreu na sequência da chuva que caiu no concelho na segunda-feira e na terça-feira, esclarece o aviso.
No intuito de garantir a qualidade da água, os serviços informam já ter “a análise e respetiva desinfeção” e estarem a desenvolver esforços “no sentido de repor a normalidade no abastecimento de água”.
Os fogos que no domingo deflagraram na freguesia de Pataias consumiram pelo menos 2.700 hectares de floresta e destruíram uma dezena de casas de segunda habitação entre a Praia da Légua, Vale Furado e Paredes da Vitória.
As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram pelo menos 41 mortos e cerca de 70 feridos (mais de uma dezena dos quais graves), além de terem obrigado a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas.
O Governo decretou três dias de luto nacional, entre terça-feira e quinta-feira.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, em junho, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou 64 mortos e mais de 250 feridos.

A propósito da gestão e ordenamento da floresta

A notícia em:
https://www.publico.pt/2017/10/18/sociedade/noticia/constroise-por-todo-o-lado-e-isso-tambem-nos-esta-a-matar-1789283?page=/&pos=12&b=stories_featured_c

INCÊNDIOS FLORESTAIS
Constrói-se por todo o lado. E isso também nos está a matar

É impossível defender dezenas, centenas de casas enfiadas no meio dos matos e árvores. Há falhas na protecção civil porque sempre assim foi. O pior é que as lições não se aprendem e a obsessão pela construção prossegue.

O país já ardeu tanta vez, de forma tão ou mais calamitosa. Por que é que neste ano houve tantas mortes? A situação meteorológica excepcional que devastou Pedrógão Grande explica parte da enormidade dos números. Mas não foi isso que aconteceu domingo, em que também houve condições severas mas não inéditas. O desordenamento do território é uma explicação consensual — estão demasiadas casas floresta adentro. Mas essa é a situação de partida, conhecida, é o território que temos e a que a protecção civil deveria saber dar resposta. Não soube.

Quem se lembra dos incêndios de 2003 e de 2005, que queimaram mais área do que 2017 — pelo menos até agora —, não pode deixar de se questionar o porquê de nesses anos o número de vítimas ter sido um quinto ou menos do que agora. “Desta vez, o fogo atingiu zonas mais povoadas, há 11 e 13 anos andou por Castelo Branco, o vale do Tejo e o Sul, ou seja, zonas com menor densidade populacional”, diz Joaquim Sande Silva, da Universidade de Coimbra.

“Nota-se uma tendência, desde 2003, de os incêndios serem muito grandes. Com o padrão de ocupação de território que existe, um fogo de 30 mil hectares apanha logo várias aldeias”, explica José Miguel Cardoso Pereira, do Instituto Superior de Agronomia. Há, é certo, um problema de profusão de construção difusa, que dificulta o combate que não consegue dar resposta a tanta solicitação. “Mas se antes era claro que a prioridade era a defesa de pessoas e bens, deixando o incêndio correr na floresta, este ano não se deu prioridade nem às florestas nem às pessoas e bens”, acrescenta o engenheiro florestal.

João Soveral, da Confederação dos Agricultores de Portugal, não tem dúvidas: “Foi um problema de protecção civil, não de desordenamento.” Não que este não exista, mas “é o ponto de partida, não é o ponto de chegada, não foi este ano que o território ficou desordenado, já era assim”, acrescenta. Por isso, cabia à protecção civil agir em conformidade, o que não aconteceu: “Depois de Pedrógão fechavam estradas e evacuavam aldeias por tudo e por nada, neste domingo não fizeram isso em lado nenhum, houve dezenas de relatos de estradas abertas rodeadas pelo fogo, na mata de Leiria podia ter ocorrido uma tragédia semelhante à de Junho porque só se cortaram estradas muito tarde.”

Assim, aliado a um falhanço do sistema de protecção de populações, ficaram evidentes os erros de anos de autorizações de construção em locais com elevado risco de incêndio. Uma lição difícil de aprender, pois, na proposta de reforma da floresta apresentada pelo Governo, a inflexibilidade prevista na lei após os incêndios de 2003 e 2005 sobre a proibição de construir em zonas de elevado risco de incêndio foi posta em causa. “Os municípios queixavam-se que a regra era um entrave ao investimento e o Governo introduziu uma flexibilização na lei que autorizava casuisticamente construções caso o proponente tivesse meios de autoprotecção - era uma porta aberta para que tudo pudesse ser construído”, adianta João Soveral.     

A lei publicada em Agosto deste ano, porém, emana da Assembleia da República que, após as várias propostas recebidas e outras tantas críticas, redigiu um artigo com nove alíneas — antes tinha três — que ninguém percebe que efeitos práticos terá, dada a sua difícil interpretação.

Estas regras até poderão mudar, mas o país continua a ser um exemplo trágico de desordenamento. Sidónio Pardal, arquitecto paisagista e um dos mais críticos do actual modelo, propõe uma total revolução: definam-se claramente os usos do território — urbano, agrícola e florestal — e combatam-se as excepções.

“O que temos feito é proibir construir aqui e ali, dando a entender que, se for fora desses locais, pode-se construir em todo o lado. É como eu lhe dizer que não pode comer pedras, plásticos e papel e depois deixá-la comer tudo o resto, mesmo o que lhe faz mal”, explica o arquitecto.

Para Pardal, o Estado tem de aplicar o regime florestal aos espaços silvestres, que englobam terrenos públicos e privados, sendo os primeiros geridos por uns serviços florestais reforçados e altamente especializados, e os segundos pelos privados a quem os serviços florestais prestariam serviços e apoio científico e técnico. “Quanto menos povoados forem os espaços florestais, melhor”, defende. Aqui se implementariam técnicas eficazes para tornar a floresta mais resiliente ao fogo.

As áreas agrícolas seriam geridas pelos agricultores e as zonas urbanas pelas câmaras. Quem quisesse construir fora dos perímetros urbanos deveria ser desincentivado: “Se o planeamento urbanístico programar uma oferta pública de lotes urbanos, para venda ou permuta por prédios rústicos localizados fora dos perímetros urbanos, e cujos proprietários pretendem construir habitação própria na freguesia ou no concelho, conseguir-se-ia, desta forma, uma base de negociação para demover a construção dispersa”, defende.

Para montar todo este sistema seriam necessárias expropriações mas ganhar-se-ia, não só do ponto de vista do ordenamento, como se controlava a economia do território minimizando os impactos de um mercado imobiliário que tem sido responsável por sucessivas crises financeiras, sublinha. “O que o Estado tem gasto em infra-estruturação para servir construções falhadas — há 40 mil milhões de euros em imparidades nos activos imobiliários — é absurdo.”

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Aviso - Água imprópria para consumo

18 de outubro de 2017

Os Serviços Municipalizados de Alcobaça informam os consumidores residentes em Pataias, Martingança, Burinhosa, Paredes da Vitória, Légua, Falca, Água de Madeiros, Pedro do Ouro e Vale Furado acerca do transporte de cinzas, resultantes dos incêndios na freguesia de Pataias e Martingança, para a rede pública de água devido às chuvas desta segunda e terça-feiras.
Sendo uma preocupação dos Serviços Municipalizados de Alcobaça garantir a qualidade da água para consumo humano em todo o concelho, mais se informa que já efetuámos a análise e respetiva desinfeção da água. Todavia, solicita-se a colaboração das pessoas no sentido de não beberem água da torneira sem ser fervida podendo ser utilizada para banhos e cozeduras.
Estamos a desenvolver todos os esforços necessários no sentido de repor a normalidade no abastecimento de água, pelo que pedimos a compreensão de todos.

Mais informações em:
http://www.cm-alcobaca.pt/pt/noticias/4081/servicos-municipalizados-de-alcobaca---aviso.aspx

Área ardida no incêndio de outubro de 2017



MODIS áreas queimadas

NOTA IMPORTANTE - Para qualquer uso do produto EFFIS Burnt Area, as condições listadas abaixo devem ser levadas em consideração:

O produto é derivado do processamento diário de imagens de satélite MODIS a uma resolução espacial terrestre de 250 m.
Os perímetros das cicatrizes queimadas nas áreas representadas queimadas por incêndios são detectados a partir de imagens de satélite MODIS. Portanto, não é feita distinção entre incêndios florestais, queimaduras ambientais ou incêndios prescritos.
As cicatrizes queimadas de aproximadamente 30 hectares de tamanho são mapeadas, embora o produto também possa incluir os perímetros de áreas queimadas de menor dimensão.
Pequenas áreas queimadas ou queimadas abaixo da resolução espacial das imagens MODIS não são mapeadas; estes podem incluir pequenas ilhas não queimadas dentro do perímetro da área queimada.
O produto Burnt Area é atualizado duas vezes por dia. O perímetro de áreas queimadas devido a incêndios diferentes que ocorrem entre duas atualizações seqüenciais pode ser incorporado em um único perímetro.
As datas relatadas como data de início e última atualização podem não corresponder à data de ignição e extinção do incêndio
O produto EFFIS da área queimada destina-se a fornecer estimativas de áreas queimadas a nível europeu. Deve ter cuidado ao comparar este produto com outros dados que podem ter sido produzidos usando diferentes metodologias e escopos.
Embora os perímetros da área queimada sejam sobrepostos nas imagens do Google, deve notar-se que o produto EFFIS original é produzido a uma resolução espacial de 250 m, não na resolução das imagens subjacentes do Google.
Embora apenas uma fração do número total de incêndios seja mapeada, a área queimada por incêndios desse tamanho representa cerca de 75% a 80% da área total queimada na UE. Modelando dados de incêndio históricos do banco de dados de fogo europeu EFFIS, as equações foram configuradas para os diferentes países, o que permite prever a área total queimada com boa precisão; isto é, a área total queimada em um país é obtida em função da área queimada por incêndios maiores que 30 ha.
Para obter as estatísticas da área queimada por tipo de cobertura terrestre, os dados da base de dados CORINE Land Cover são utilizados. Por conseguinte, as áreas queimadas queimadas são sobrepostas aos mapas de cobertura terrestre, permitindo a avaliação de danos harmonizados para todos os países europeus.
O mapeamento da área queimada no RDA baseia-se na identificação de grandes incêndios ativos do MODIS, a expansão das áreas queimadas desses pontos iniciais com base em algoritmos de crescimento regional e o refinamento do perímetro final do incêndio através de interpretação visual das imagens. O processo é auxiliado pela coleta sistemática de notícias de incêndio da mídia européia. Uma alternativa à metodologia atual está sendo desenvolvida. Este método é baseado em mudanças abruptas de vegetação pós-fogo detectadas a partir de séries temporais diárias MODIS. Uma vez implementado, este método permitirá uma classificação melhor e menos dependente do usuário das áreas queimadas.