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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Romaria de Nossa Senhora da Vitória

Mais um magnífico trabalho do Tiago Inácio que tem quase pronto (está nas revisões finais) um livro de investigação histórica sobre a Mina do Azeiche.


Séculos de Tradição

No próximo dia 15 de Agosto, realiza-se mais uma romaria á Nossa Senhora da Vitória, uma tradição de séculos, que perdura desde a decadência da Vila das Paredes.
Não existe, em concreto, uma data de inicio da romaria, embora, tudo indica, que terá começado em meados do séc. XVI, quando em 1536, a paróquia de Paredes é transferida para Pataias. Em 1542, devido á falta de povoação, nas Paredes, a capela deixa de ter missa. Ora, tendo a capela deixado de celebrar missa, os paroquianos ficaram na incumbência, de realizarem uma romagem à Nossa senhora da Vitória.
No entanto, o primeiro registo encontrado, remete para 1650, na qual Frei Francisco Brandão, monge de Alcobaça, informa da existência de “…hua ermida de invocação a Nossa Senhora da Vitória, de muita devoção e romagem a que acode o povo de Leiria todos os anos no dia da Natividade…”
Em 1711, surge Frei Agostinho de Santa Maria, que menciona “… hé esta casa da senhora, de muyta devoção ainda hoje e de muyta romagem, a que acode o povo de Leyria todos os anos no dia da sua Natividade, a celebrar a sua festa.”
Este foi um dos termos, debatidos na controvérsia sobre a Vila de paredes. Uns afirmavam que a romaria, estaria ligada à batalha de Aljubarrota (14 de Agosto de 1385) devido á grande coincidência das datas, outros, afirmavam, que esta em nada estava ligada à batalha.
No entanto, a romaria, nunca teve nada relacionado com a batalha de Aljubarrota. A comprovar isto, surge um documento de 1758, que afirma, que a romaria se realiza á séculos a 8 de Setembro (Dia da Natividade), e não a 15 de Agosto como actualmente. Só em meados do séc. XIX, o Dia da Natividade é retirado do calendário Litúrgico, sendo transferida a romaria para o dia santo mais próximo, O dia 15 de Agosto, dia de Assunção de Nossa senhora, que se mantém até aos nossos dias.
Na romaria, também conhecida como “a festa dos burros” , segue actualmente, o Anjo que canta as loas, o Juiz, a Juíza, dezenas de bicicletas e carrinhas, e alguns devotos, que percorrem o caminho a pé. No ano de 2010, tentou-se ressuscitar um pouco a antiga tradição na qual participaram alguns Burros (apenas durante alguns minutos no inicio do círio).


 
Fontes:
Livro: Por terras dos antigos Coutos de Alcobaça de Maria Zulmira Marques;
    O Couseiro;
Jornais: Voz da Paróquia, Padre Franklin;
Arquivo Nacional Torre do Tombo: Documentos relativos à Paróquia de 1758.

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