A notícia e a s fotografias no jornal on-line Tinta Fresca
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Na Quinta da Valinha Burinhosa inaugura Monumento ao Resineiro
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Na Quinta da Valinha Burinhosa inaugura Monumento ao Resineiro
Numa iniciativa inédita no País, a Quinta da Valinha e o empresário Eng. Joaquim Coutinho Duarte preparam-se para homenagear o Resineiro, numa cerimónia agendada para o dia 19 de Maio às 12 horas.
A homenagem, em forma de monumento com uma altura de cinco metros, acontece pelo carinho que o promotor tem pela profissão que durante décadas ocupou as gentes da localidade da Burinhosa, freguesia de Pataias, concelho de Alcobaça, mas também de muitas outras proveniências em Portugal. “Será um bom dia de convívio, de desporto e de cultura”, acredita o empresário, que espera a presença de mais de um milhar de pessoas na Quinta da Valinha, local onde existe também um monumento de homenagem ao vidreiro.
O Monumento ao Resineiro tem assinatura do escultor Carlos Oliveira, é um conjunto escultórico que fica implantado numa praça com 100 metros quadrados criada para o efeito e toda ela em calçada portuguesa. Nesta praça rompem as duas figuras de um casal de resineiros com 2.40 metros de altura, são ladeados por um conjunto de sete pinheiros em pedra com 5 metros de altura.
Apesar de particular, o local onde será erguido o monumento será visitável, ficando aberto todos os dias das 8 às 17 horas.
A profissão de resineiro, que durante décadas ocupou uma importante faixa da população da região, era das mais difíceis e duras. Para além das horas de trabalho que implicava, estava sujeita às condições climatéricas, muitas vezes adversas. De Verão, por exemplo, a actividade tinha de ser desenvolvida de madrugada porque durante o dia era impensável trabalhar debaixo de altas temperaturas. Já no Inverno, com as chuvas e o mato molhado, tornava-se muito penoso exercer a actividade.
A produção de resina nacional passou, segundo dados do INE, de 64 mil toneladas em 1990, para menos de 5 mil toneladas em 2005. Mas nem sempre foi assim. Nos anos 50 do século XX, Portugal exportava resina para quase 20 países. Havia, no território nacional, 89 fábricas distribuídas por 40 concelhos que tinham capacidade para produzir 220 mil toneladas de resina. Cerca de dez mil pessoas trabalhavam na extracção da matéria prima.
Programa - Dia 19 de Maio
Inauguração do Monumento ao Resineiro
11 horas: Missa
12 horas: Inauguração do Monumento
12:30 horas: Almoço-convívio (inscrição prévia)
15 horas: Actuação do Rancho Folclórico e Etnográfico “Papoilas do Campo” (Cela)
16 horas: prova de ciclismo com duas metas volantes
Curiosidades
A resinagem no Pinhal do Rei
A exploração de produtos resinosos tem as suas primeiras referências no século X, em Leiria.
Como era a actividade de resineiro“
A exploração da resina ocupava-nos de meados de Fevereiro a meados de Novembro. Primeiro fazia-se o descarrasco, com a machada, desbastando a carcódia do pinheiro até quase à pele, na parte que queríamos explorar nesse ano. Na volta seguinte, colocávamos a bica (lata de zinco, em forma de meia-lua, espetada no pinheiro), a cunha e a tigela de barro, entalada entre a cunha e a bica. Feito este trabalho em todos os pinheiros, começava a exploração: cortávamos uma tira de pele do pinheiro, rente à bica, para a resina sair. Depois, até Outubro, íamos cortando mais tiras de pele, pelo tronco acima, para que houvesse sempre feridas novas por onde o pinheiro sangrar. A colha fazia-se com uma espátula, tirando a resina da tigela para o caldeiro. No tempo quente era mais fácil, pois a resina corria quase como água. Caldeiro cheio e era necessário ir despejá-lo ao barril e voltar, voltar as vezes necessárias. Quando os bidons estavam todos cheios, vinha o camião da fábrica a carregá-los ao estaleiro. A campanha da resina terminava na primeira quinzena de Novembro. Antes, dávamos uma última volta, a raspar a resina seca que ficara na ferida do pinheiro. Depois, com um pau, amassava-se bem dentro do caldeiro, para desfazer a resina seca na líquida.”
José Candeias, antigo resineiro
Profissão em desuso
Actualmente, Portugal tem apenas 25 mil hectares de área resinada, para uma produção de cinco mil toneladas. Há três décadas produziam-se 150 mil toneladas em 175 mil hectares.
Desde o antigo Egipto
A resina já era utilizada desde o Egipto antigo, com fins religiosos e para a mumificação de corpos. Ela foi também muito utilizada na época colonial norte-americana, na construção naval, com o objectivo de calafetar peças de madeira, que eram usadas nos barcos da Marinha Real Inglesa.
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