Do Região de Cister, edição nº893 de30 de Setembro de 2010
Vasto programa de comemorações de sábado a terça-feira inclui homenagem a autarcas do município
“A freguesia ganhou mais estando desanexada”
A convicção de que a Martingança saiu beneficiada com a independência face à freguesia de Pataias é do presidente da Junta, Fernando Escudeiro, que se mostra contente com os equipamentos que a Martingança ganhou nos últimos 25 anos.
“A freguesia ganhou mais estando desanexada. Tem outras infra-estruturas e uma maior possibilidade de evoluir, da mesma forma que os lugares de Pataias também ganharam com a saída da Martingança e da Moita porque passou a ser uma divisão por menos terras”, acredita o autarca, que preparou um extenso programa assinala em Outubro 25 anos desde que foi elevada a freguesia e foi desanexada de Pataias.
O programa das comemorações das bodas de prata decorre de sábado a terça-feira e tem diferentes eventos, desde desportivos a culturais e religiosos.
O destaque vai para os eventos agendados para segunda-feira, com a sessão solene na Junta, onde será inaugurada, pelas 19 horas, a ampliação do edifício que inclui a nova sala da Assembleia de Freguesia. Momentos depois, já no pavilhão gimnodesportivo, decorre o lançamento do livro ‘Martingança - factos e memórias’, de Luís Peres Pereira, autor do texto acima retirado da mesma obra. Na mesma cerimónia, serão homenageados os autarcas que desempenharam funções na Junta e Assembleia da Martingança ao longo destes 25 anos distinção que se estenderá aos autarcas com da Câmara e Assembleia Municipais no último quarto de século.
Antes, no sábado, primeiro dia das comemorações, haverá noite de fados, com fadistas de Leiria e Coimbra e domingo haverá rally paper à tarde e um concerto com os Rock d’Adega à noite.
A Banda de Alcobaça actua na noite de segunda-feira e na terça-feira, último dia das celebrações, o convívio destina-se à população, no campo de futebol, pelas 17 horas, a que se segue a actuação do grupo de Percussão e Cantares Populares ‘Terra Nova’.
Comentário
Antes de mais, deixo já aqui os parabéns à Freguesia da Martingança.
No entanto, não posso deixar de pensar que a separação da Moita e da Martingança foi uma machadada demasiado profunda para as aspirações de um concelho no norte de Alcobaça.
Para Alcobaça, foi, há 25 anos, a cereja no topo do bolo. De uma cajadada riscaram do mapa a maior freguesia do concelho e diminuíram o seu eventual poder reivindicativo. Os diversos partidos políticos contaram as espingardas e ficaram todos contentes. O PSD ganhava uma nova freguesia, o PS mantinha Pataias e ganhava a Moita. Todos ficaram felizes.
Paralelamente, e com toda a naturalidade, fizeram felizes as populações da Moita e da Martingança, que se viram, assim, livres da mão opressora e ingrata de Pataias.
A história destes 25 anos fala por si.
A Moita foi à procura das suas raízes, junto da Marinha Grande. A proximidade àquela cidade e a longínqua e distante Alcobaça – aliada a uma governação PSD – facilitaram a mudança de concelho.
A Martingança, efectivamente, viu neste quarto de século melhorar as suas condições. O Centro Médico e o Pavilhão são dois exemplos. Mérito – quase exclusivo – dos seus autarcas. E a realidade é que se a Martingança continuasse em Pataias, provavelmente não os teria conseguido.
Mas, e se a Martingança – e já agora, a Moita – não fosse freguesia? Se Pataias fosse a freguesia que era há 26 anos atrás?
O grande desafio para os próximos anos, espero que menos de 25, é Pataias e Martingança darem as mãos e trabalharem por um objectivo comum – o Norte do Concelho. Porque se há 25 anos atrás, a Martingança era refém de Pataias, hoje a situação é inversa.
Pataias é hoje refém de Alcobaça – que tem o poder – e da Martingança (e Alpedriz e Montes), dos quais não tendo apoio, pouco poder reivindicativo terá, na construção de uma zona de identidade própria, única e diferente da de Alcobaça. Sem o seu apoio, expresso e inequívoco, nunca será concelho.
Assim, Alcobaça volta a ganhar. Dividiu para reinar – e conseguiu. E duas das freguesias que mais riqueza criam, canalizam-na toda para a terra do mosteiro.
Até quando?
Post scriptum
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