Qualidade das Águas Balneares do Concelho de Alcobaça - rio das Paredes
http://www.arhtejo.pt/web/guest/concelho-alcobaca1Devo confessar a minha ignorância quanto à qualidade da análise das águas do rio das Paredes. Limito-me a ver se os valores estão, ou não, dentro dos limites apontados pelos laboratórios da ARH. Surgem-me por isso algumas interrogações, próprias de quem não domina o assunto.
A primeira questão prende-se com a recolha da água para análise. Essa é da responsabilidade e feita pelo cliente, isto é, Câmara Municipal de Alcobaça. No caso das análises do rio das Paredes, onde foi feita a recolha? À saída do espelho de água? À entrada do espelho de água? Na praia? No vale? Penso, e acho que não serei o único, que dependendo do local da recolha da amostra, os resultados da análise serão substancialmente diferentes.
A segunda questão está relacionada com os valores limites. Certamente técnicos credenciados ou pessoas entendidas explicarão a diferença dos valores limites entre as “Águas Balneares – interior” e as “Águas Balneares – costeira/transição”. A minha questão é esta: por exemplo, porque é que 350 enterococos intestinais (UFC/100ml) não são o limite para ambas as águas? Porquê a diferença de limites entre “águas interiores” e “águas costeiras/ de transição”?
A terceira questão, como é óbvio, está relacionada com os próprios limites. Assinalei no quadro, a vermelho, os valores que ultrapassaram os limites definidos para o rio das Paredes (Água Balnear – interior). A Laranja, os valores que, sendo legais – estando dentro dos parâmetros –, se fossem encontrados em zona de “Água Balnear – Costeira/transição”, teriam “rebentado” a escala. Numa curta e simples análise estatística, das 18 análises realizadas 16,7% estão acima dos parâmetros e 33,3% apresentam valores muito elevados (ou seja, limites superiores aos das águas costeiras/transição). Resumindo, 50% das análises apresentam resultados claramente elevados e/ou acima dos limites legais.
Quarta questão: estabelecendo um paralelo com as análises da Foz do rio Tornada (Salir – baía de S. Martinho do Porto), reconhecidamente como um local onde a qualidade da água é … duvidosa, podemos chegar a algumas conclusões:
Na foz do rio Tornada apenas 11,1% das análises ultrapassam os limites legais e no total apenas 22,2% têm valores elevados. Naquela que é conhecida também por “Baía dos Porcos”, com todo o respeito aos habitantes e frequentadores da belíssima praia.
O que nos conduz à quinta questão: por que é que nas Paredes, os resultados são o que são? A Câmara Municipal e a Águas do Oeste garantem que nada corre para o rio vindo da ETAR; que mesmo que isso acontecesse, com o nível de tratamento a que são sujeitos os efluentes estes são, quase, água pura. De onde vêm estes valores, numa povoação cujas redes de saneamento e de águas pluviais são “novinhas em folha”?
Eu, pessoalmente, não me sinto satisfeito com estes valores. E vocês?
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