Ainda na mesma linha do raciocínio, há ainda aqueles que dizem que o grande problema é «a falta de civismo e de educação dos condutores, que não respeitam nada nem ninguém», e há ainda os defensores de que «o que faz falta é mais policiamento».
O que é certo, é que todos os anos, o problema do estacionamento e da circulação automóvel fazem-se sentir, perturbando a normal pacatez das Paredes. Mas não só.
Há muito que defendo, e digo, que falta uma linha de estratégia e de orientação para o norte do concelho de Alcobaça, em especial para a freguesia de Pataias (agora Pataias-Martingança). O arrastar, ano após ano, do caso do trânsito e do estacionamento na praia das Paredes durante o verão, é apenas mais um (triste e comprovativo) exemplo.
A requalificação urbana da aldeia de Paredes da Vitória foi, num cômputo geral, uma excelente intervenção que dotou não só o lugar de modernas condições infraestruturais e equipamentos necessários, como amenizou e disfarçou uma cada vez mais acentuada descaraterização urbanística, cada vez mais (fortemente) pincelada com edifícios de discutível qualidade arquitetónica.
Uma das ideias chave do projeto (parece-me a mim, sob o ponto de vista de mero observador e utilizador) foi dar a primazia, por incrível que pareça, do peão em detrimento do automóvel. Eu explico:
Primeiro exemplo: a ausência de passadeiras no centro das Paredes (entre o edifício da “Botas” e os prédios do Metódio), associado ao empedrado “artístico”, tem como um dos objetivos, a redução da qualidade do pavimento para o automóvel e, consequentemente, a diminuição da velocidade. Neste sentido, as figuras desenhadas no pavimento (a negro, e a vermelho), às voltas pela faixa de rodagem, reforçam a ideia de que aquela não é uma estrada normal. Com um pouco de boa vontade, podemos até imaginar uma praça empedrada onde as pessoas podem circular.
Exemplo dois: dentro do aglomerado, não há passeios nem desnível entre a faixa de rodagem e os mesmos. A diferença está no pavimento, calcetado de forma diferente. Onde os carros podem circular há um empedrado mais grosso; nas áreas de circulação destinadas às pessoas, há um empedrado mais fino. Esteticamente é mais agradável e em termos de mobilidade individual e pessoal (especialmente para as pequenas crianças, idosos, pessoas de mobilidade reduzida e carrinhos de bebé) muito melhor. O facto de tudo estar ao mesmo nível, dentro de um aglomerado urbano de ruas pequenas e estreitas, dá (supostamente) a prioridade ao peão e não ao automóvel.
Exemplo três: em algumas das ruas de empedrado fino, foram deixadas algumas trancas (pinos) amovíveis com o intuito de, em caso de necessidade pontual, permitirem o acesso de veículos de socorro.
No fundo, todo o centro de Paredes e respetiva marginal foram pensados para servirem as pessoas e não o automóvel.
À boa maneira portuguesa, o automóvel manda. O desrespeito pelo espaço público (que por ser público, “de todos”, deveria eliminar os nossos interesses individuais) é por demais evidente.
E neste momento não é só o estacionamento em cima dos passeios ou a circulação automóvel em ruas de trânsito proibido.
A rua da praia, junto à ETAR, foi pensada como uma “marginal”, um acesso pedonal. Foi idealizado um jardim, colocado um parque infantil com brinquedos e aparelhos para as crianças (supostamente), feito um calcetamento num empedrado fino. Nada de mais errado.
Não só serve de estacionamento como serve também de acesso a veículos pesados para fazerem cargas e descargas. Como se não bastasse, a velocidade destes veículos automóveis nesta via pedonal faz muitas vezes pensar se não estaremos no Mónaco, em plena prova de Fórmula 1. E volto a frisar: é uma via exclusivamente pedonal, com lojas, esplanadas, jardins e parques infantis ao longo de toda a rua.
Outros exemplos são fáceis de encontrar. Desde o estacionamento em cima dos passeios, na faixa de rodagem, em cima do jardim e, ultimamente, até na marginal pedonal, com carros a passar diariamente em cima da varanda em madeira. Aquela mesma varanda que foi atacada pelo mar durante as tempestades de inverno e que continua com um dos pilares das fundações em suspenso.
E o que têm feito os responsáveis autárquicos e policiais por Paredes da Vitória? NADA.
E este NADA, é porque não querem, ou porque não são capazes?
O automóvel é quem mais ordena
A rua da Praia.
Via exclusivamente pedonal de acesso à praia. Ao longo de toda a rua há lojas, esplanadas, jardins e parques infantis. O trânsito é proíbido.
Os jardins e espaços ajardinados: esses belos parques de estacionamento.
Estacionamento selvagem sobre os espaços ajardinados. Os automóveis não só dificultam a circulação das pessoas, como impedem a fruição de espaços públicos destinados exclusivamente às pessoas, mas também, destroem equipamentos e infraestruturas pagas com dinheiros dos erários públicos. Ou seja, de todos nós.
Estacionamento indiscriminado e sem critério na via pública, desrespeitando a sinalização existente e impedindo a livre circulação de veículos, incluindo veículos de emergência e socorro.
Os passeios.
Os passeios, esses espaços destinados aos... automóveis. E não interessa, se o acesso a garagens é tapado.
At last, but not the least...
«Ah! Está um vaso sobre o passeioe eu não posso estacionar? Não faz mal, que eu estaciono ao lado e vou para a praia». Mesmo que isso perturbe o trânsito uma tarde inteira...
Eu continuo a dizer que os passeios foram feitos para os carros e não para as pessoas. Depois as pessoas com a crianças tem de andar pelo meio da estrada. é muito triste ver os jardins com carros de pessoas que não querem andar a pé. A Policia tem de intervir mais nestas situações, mas muitos GNR até são amigos dos engracadinhos que estão assim estacionados. Reforço de agentes, multas e até reboques! As pessoas começam a pensar 2 vezes!
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