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terça-feira, 19 de maio de 2015

Destruição dos fornos da cal

Recebido via e-mail pelo Tiago Inácio, solicitando divulgação no Sapinho.

Ao passar hoje [16 de maio] por Pataias-Gare, fiquei surpreendido, revoltado e desiludido com a demolição de um dos únicos dois fornos ainda em bom estado de conservação, para a construção do que parece ser um pavilhão industrial. Este forno foi desactivado por volta de 1993/94, e a par com o forno do Grilo (último forno a laborar - desactivo em 1995-ainda existente), constituíam os únicos dois fornos em bom estado preservação e ainda em bom estado para a laboração, sem ser necessária uma grande intervenção. 
A destruição em nome da evolução? da Industrialização? do desenvolvimento?
É desta forma que se destrói a nossa identidade e memória colectiva!!!
REVOLTANTE!







Comentário

A destruição dos fornos de cal é algo que também lamento imenso. Pataias tem uma longa história de destruição e erradicação de qualquer vestígio patrimonial arquitetónico que possa existir. 
Mas este é mais um sinal da profunda falta de estratégia e de ação por parte dos responsáveis autárquicos. Não são suficientes palavras bonitas e promessas de projetos para que os problemas se resolvam.
Se os fornos são assim tão importantes, o que está a autarquia disposta a fazer para os salvaguardar? A classificação dos fornos de cal como imóvel de interesse municipal poderia ser uma solução. Mas não uma declaração de que «os fornos da cal de Pataias são imóvel de interesse municipal». É necessária a sua identificação individual e a atribuição específica a cada forno desse «interesse municipal» e respetiva proteção.
E depois não basta classificar. O que se está disposto a fazer para assegurar a sua manutenção? Por exemplo, a isenção de imi poderia ser uma das benesses (mas não a única).
Enquanto isso não acontecer, nada há que possa impedir um qualquer proprietário de legitimamente destruir os fornos. Seja sob que pretexto for.
A promessa de reconstrução de um forno e criação de um núcleo museológico, sendo algo muito importante e de aplaudir, não será suficiente para preservar a memória dos fornos e da indústria da cal em Pataias.  O que se pretende no futuro? Um forno preservado e as restantes 3 dezenas apagadas da paisagem?
Até lá, que eu também não gosto da destruição, não gosto.
Mas o que estamos dispostos a fazer?

1 comentário:

  1. Há anos atrás, não muitos, quando envolvido num reconhecimento dos terrenos e áreas envolventes onde existiam (e ainda existem) fornos, era notório que embora a maioria em degradação, alguns seriam ainda passíveis de uma conservação que os mantivesse para memória futura. Recordo que nessa altura localizamos 36 incluindo ruínas" escondidas no mato. Foi acarinhada por muitos a ideia de se preservar o local e criar um roteiro, mas que há época não passou disso. Houve há cerca de 20 anos o desejo também por parte do diretor de então da CMP avançar com essa salvaguarda, mas não passou disso mesmo... vontades... No que concerne à demolição do património, é pena, pese o facto de se "conferir ao particular o direito irrevogável de utilizar e transacionar o imóvel como proprietário" já que nada é avançado em contrário que garanta a preservação do(s) espaço(s)... É pena...

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