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sábado, 16 de maio de 2015

Vila de Pataias, 31º aniversário: a prenda

50 hectares das Alvas de Pataias.

50 hectares das Alvas de Pataias parecem ser a prenda que a Câmara de Alcobaça tem para Pataias pela comemoração do seu 31º aniversário de elevação a vila.
Mas desenganem-se aqueles que pensam que é alguma dádiva de Paulo Inácio à maior freguesia do concelho de Alcobaça. Cumprindo a tradição histórica, que começou com a doação de Paredes da Vitória aos monges de Cister para pagamento das suas rezas pela alma de D. Pedro, passando pelos 3300 contos que a Cibra pagou pela Alva e que serviram para a construção do mercado de Alcobaça e não esquecendo o desbaste de pinheiros das Alvas na década de 90 para a relva na Benedita. 
Esta tradição secular diz-nos que Pataias, solidária, paga os desvarios e os investimentos necessários no concelho, sem nunca receber nada em troca.
Os agora 50 hectares da Alva de Pataias servirão para que o município pague a indeminização dos edifícios expropriados junto ao mosteiro, aquando a requalificação dos seus espaços envolventes. 50 hectares contíguos à zona industrial de Pataias, para pagarem mais um disparate, porque feito “às três pancadas”, da Câmara Municipal. E Pataias, uma vez mais, paga.
E não é que não houvessem alternativas. Há uma quinta em Alfeizerão, milhões de euros enterrados nas encostas do Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros na Benedita, projetos megalómanos para Alcobaça (parque de estacionamento subterrâneo, por exemplo). Mas não. Tudo isso é intocável, porque Pataias, solidária, pode pagar.

Em 31 anos como vila, temos de admitir que Pataias não é a mesma terra. Cresceu em serviços e em comércio. Cresceu em população. Tem as suas ruas alcatroadas e tem água canalizada e saneamento básico. Tem umas piscinas públicas pagas com a venda de 7 hectares de potencial pedreira à Secil. Mas nestes 30 anos viu a sua indústria definhar, o seu comércio apagar-se, uma escola básica de 2º e 3º ciclo nascer e quase morrer. E tudo o que tem contribuído para a morte lenta de Pataias, a Câmara Municipal, liderada por Rui Coelho, Miguel Guerra, Gonçalves Sapinho e Paulo Inácio, tem subscrito por baixo. E Paulo Inácio parece ter uma estima especial por Pataias, visto que de todas as promessas por si feitas, nem uma só foi concretizada:  Centro Escolar de Pataias, Av. Rainha Santa Isabel,  Zona Industrial de Pataias. Só para falar das mais emblemáticas e não me alongar muito. Nem Passos Coelho prometeu e falhou assim tanto. 

O mesmo Paulo Inácio que falava numa assembleia municipal de janeiro de 2012 no interesse da Câmara em gerir as Alvas de Pataias. Está aqui o objetivo: espoliar Pataias do que é seu por direito para gastar em Alcobaça. 

Na última Assembleia Municipal erámos nove os pataieiros (sete eleitos e com responsabilidades políticas) presentes na reunião. Há anos que esses eleitos entram mudos e saem calados e cujos atos por Pataias não passam de gestos circunstanciais, sem estratégia, sem objetivo. Sem sentimento. Nunca houve um murro na mesa. Antes pelo contrário, anuiram com tudo o que foi decidido, incluindo a criação de uma nova freguesia (Pataias-Martingança), ou a integração das escolas de Pataias no mega-agrupamento de Cister, sem que nunca se tivessem pronunciado (nem contra, nem a favor).
Esta é mais uma oportunidade de provarem que são eleitos por Pataias, que defendem Pataias e não apenas os seus interesses e agendas (ambições) pessoais. Quer na Câmara, quer nas Assembleias, quer na Junta. Dar o murro na mesa, impedir que esta ideia vá em frente, lutar até ao último voto (contra) esta decisão. Fazerem mexer os poderes que em mesas de café dizem ter. Sempre que puderem, onde puderem, na defesa intransigente de Pataias.
Porque se assim não o fizerem, se de alguma forma acolherem (mais) esta ideia de espoliar o património de Pataias em favor de Alcobaça, só podem dar uma prenda ao povo de Pataias que os elegeu: DEMITAM-SE.
E depois mordam a lingua quando disserem que são de Pataias. Envergonham-Na.

Mas é preciso não esquecer que Paulo Inácio ganhou as últimas eleições graças aos votos de Pataias.
Se calhar, temos o que merecemos.

2 comentários:

  1. Mas afinal que história é esta dos 50ha das matas que são uma prenda?
    Foram vendidos? Já eram da CMA? Eram da JFP e passaram para a CMA (como a Lagoa em 2009?)?
    Expliquem-me se SFF.

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  2. Citando o ex-vereador e de vez em quando ainda vereador da Câmara Municipal de Alcobaça, Rogério Raimundo:

    «O que é que o PSD de Paulo Inácio quer fazer com as Alvas de Pataias?
    «Consta-se que parte vão para compensar os futuros "Terraços Cistercienses", entre a R. D. Pedro V e o Alcoa, para indemnizar a expropriação não concretizada e a indemnização pela sede não utilizada da Raimundo e Maia...»

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