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quarta-feira, 18 de junho de 2014

Tertúlia "Saber à terça" - O tecido industrial

Nuno Maia (Secil), Jorge Santos (Nerlei), Mário Grácio (Moldene), Valter Ribeiro (moderador), Vitor Henriques (Secil) e Henrique Neto 

Com a presença de Henrique Neto, Mário Grácio (Moldene), Nuno Maia e Vitor Henriques (Secil) e Jorge Santos (Nerlei), decorreu mais uma tertúlia “Saber à terça” dinamizada pelo Espaço Cultural/ Biblioteca de Pataias, desta feita relacionada com a atividade industrial na freguesia de Pataias. A tertúlia decorreu ontem dia 17 de junho, pelas 21h30, no auditório dos Bombeiros Voluntários de Pataias.

Henrique Neto. Destacou a importância fundamental da I&D e da necessidade de diálogo permanente entre os diversos agentes económicos 

Henrique Neto, empresário do sector dos moldes, traçou o perfil da evolução industrial na Marinha Grande, nomeadamente do desenvolvimento dos moldes. O antigo administrador da Iberomoldes (um dos maiores grupos mundiais no sector dos moldes) abordou a questão do I&D (Investigação e Desenvolvimento) de que aquele sector industrial e a Marinha Grande foram pioneiros, realçando a necessidade de estabelecer uma estratégia de desenvolvimento para a indústria, só possível com a partilha de experiências e uma ativa comunicação entre os empresários. O desenvolvimento de um cluster industrial, alicerçado numa larga experiência profissional e na ligação ao ensino superior permitiram que a Marinha Grande seja um grande foco exportador de sucesso. No entanto é necessário fortalecer ainda mais o atual tecido económico da região de forma a que as empresas consigam ultrapassar a situação de subcontratação em que atualmente estão e que comecem a fazer produtos inovadores com aceitação nos mercados internacionais. Terminou a sua intervenção abordando a falta de debate na região do sentido estratégico a definir quanto ao seu futuro.

Mário Grácio destacou a necessidade e a falta de quadros intermédios e operários especializados na indústria dos moldes.

Mário Grácio referiu, na sua intervenção, a necessidade de se criarem condições que facilitem a atividade industrial, nomeadamente nas vertentes da localização industrial e condições existentes nas zonas industriais (saneamento, fornecimento de energia elétrica, por exemplo) e na vertente da formação profissional. Mário Grácio enfatizou a falta de quadros médios e operários especializados ao nível das indústrias de moldes que são, no momento, um dos maiores obstáculos para a indústria.

Vitor Henriques explicou o processo do fabrico de cimento e dos impactos ambientais decorrentes

Nuno Maia e Vítor Henriques fizeram uma pequena apresentação relativa à Secil e às atividades da empresa, nomeadamente no fabrico do cimento e nos índices ambientais registados. Vítor Henriques salientou que a atividade cimenteira é a atividade industrial com maior impacto ambiental (depois da produção de energia) mas que a empresa tem estabelecido um conjunto de objetivos relativos à emissão de gases, à redução de utilização de combustíveis fósseis e à coincineração que visam uma melhor qualidade ambiental. O que têm conseguido, adiantou.

Nuno Maia (Secil) e Jorge Santos (Nerlei). Jorge Santos destacou a necessidade de os empresários olharem para os problemas como oportunidades e não constrangimentos.

Jorge Santos estabeleceu uma breve caraterização do panorama industrial do país e da região, frisando o papel que Leiria desempenha face ao país e na comparação com as outras regiões. Discriminando um conjunto de constrangimentos existentes, João Santos focou-se nos desafios aos empresários da região que devem ser encarados como oportunidades. Reforçou a ideia inicial de Henrique Neto da falta de uma estratégia global para a região e da necessidade de comunicação e de partilha de informação entre os empresários como forma de resolver os problemas existentes. Focou ainda o papel do NERLEI que no seu entender deve procurar investimento para a região nomeadamente através de indústrias complementares às já existentes e que promovam a efetiva criação de mais-valia nos produtos exportados.

Três dezenas de pessoas estiveram presentes quase até à 1h da manhã.

No período aberto ao público, António Gonçalves salientou a falta de uma zona industrial que aliada ao trabalho de associações como a NERLEI facilitem a instalação de indústrias na freguesia. Aurélio Ferreira salientou o papel que as autarquias devem ter junto das empresas como facilitadores e não constrangedores das suas atividades e a necessidade de reconhecimento do ensino profissional como aposta e solução para o problema dos quadros médios e operários especializados que a indústria nacional neste momento sente. Telmo Moleiro referiu  a necessidade de se apoiarem as indústrias na reestruturação e requalificação dos seus quadros de pessoal e na necessidade de reinventar a motivação junto dos trabalhadores e empresários, questionando o futuro do tecido industrial da região no pós 2020 e pós fim dos QREN’s. António Caetano enfatizou a falta de condições das zonas industriais existentes na freguesia (Calços, Alva e Pataias-Gare). Rogério Raimundo abordou a ligação entre as empresas e as escolas, o pagamento da derrama de grandes empresas como a Secil que têm sedes deslocalizadas e o falhanço da Câmara Municipal na gestão dos espaços industriais. Fátima Mota salientou a falta de informação disponível na internet, principalmente por parte das empresas locais associadas à produção de bens de consumo, salientando que tal facto não se percebe numa altura em que a internet é cada vez mais um instrumento de trabalho e de divulgação.
Numa ronda final pela mesa, Henrique Neto salientou que o problema da nossa indústria não é a baixa produtividade mas o baixo padrão económico e o baixo valor acrescentado da nossa produção. Continuando, sublinhou que o maior sinal de ignorância é copiar e que o país se tem limitado a copiar (com atraso) o que é feito lá fora. A solução dos problemas só se resolvem com debate contínuo e continuado entre as pessoas (empresários) e que se o não fizerem estão condenados ao fracasso, como aconteceu com a indústria do mobiliário local. Vitor Henriques afirmou que a derrama da fábrica de Pataias é paga em Alcobaça. Mário Grácio afirmou que a sua empresa está sempre disponível para colaborar com as escolas e instituições de ensino mas que essa colaboração tem também de partir da outra parte. Jorge Santos enfatizou que relativamente ao uso de fundos comunitários nas empresas, os responsáveis devem equacionar seriamente qualquer investimento que só seja rentável através da aplicação desses mesmos fundos.
Finalmente Valter Ribeiro, presidente da Junta de Freguesia, respondeu que questões relacionadas como a zona industrial e a instalação do campo de golfe não dependem da ação direta da Junta. Estabeleceu ainda o compromisso, com os representantes da Secil, em estudarem e estabelecerem um possível compromisso quanto à recuperação de um forno de cal e instalação de núcleo museológico, tendo acordado uma data para discussão do processo.

A próxima tertúlia “Saber à terça” terá como tema “O litoral” e decorrerá no espaço da biblioteca de verão, em Paredes da Vitória, dia 22 de julho pelas 21h30.

1 comentário:

  1. parabens grande trabalho da biblioteca de pataias. fiquei a saber do novo moderador - foi à procura dos holofotes ou o antigo foi despedido por se andar a esticar?

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