Investigação sobre os primeiros indícios petrolíferos descobertos em Portugal
Jovem ajuda a desvendar história de antiga mina
O lançamento de ‘Mina do Azeche - Património à beiramar esquecido’, o livro de pesquisa histórica do jovem Tiago Inácio, da freguesia de Pataias, levou mais de uma centena de pessoas até ao auditório dos Bombeiros de Pataias, no passado sábado. O livro, que é o relato de uma investigação histórica sobre o local onde foram encontrados os primeiros indícios petrolíferos em Portugal, foi apoiado pela Junta de Freguesia de Pataias.
A ‘falta de informação acerca da Mina do Azeche e a existência de informação contraditória’ fez com que o jovem historiador lançasse mãos à obra. Agora, Tiago Inácio propõe a criação do Centro de Interpretação da Mina do Azeche e a realização de escavações arqueológicas no âmbito da preservação do património industrial.
No decorrer da apresentação de ‘Mina do Azeche - Património à beira-mar esquecido’,
Paulo Grilo, professor e impulsionador da publicação do livro, defendeu a necessidade da pesquisa do património ‘desconhecido à escala local: geológico, ambiental e histórico’.
Valter Ribeiro, presidente da Junta de Freguesia de Pataias, elogiou o ‘grande trabalho de pesquisa’ apresentado por Tiago Inácio, lançando-lhe o repto para a compilação de um roteiro turístico e cultural da freguesia. ‘A história local tem de ser contada’, defendeu o autarca.
Toda a documentação refere a descoberta da Mina do Azeche em 1843 pelo engenheiro José Pedro Peserat. É formada então uma companhia para a exploração da mesma. Embora a exploração comece em 1843, só a 27 de Março de 1844 é redigido pela rainha D. Maria II o primeiro alvará de concessão, sendo proprietários José Pedro Pezerat, Julião de Cesne Gullot, Thomas Le Cesne Guillot, João Le Cesne Guillot e o marquês da Bemposta Subserra. De forma a evitar os gastos desnecessários de transporte do material até à Nazaré (e consequentemente por mar até Lisboa), é pedido ao diretor da alfândega de Lisboa em 1846, a criação de um posto alfandegário na Mina. Pelo menos até 1847, todo o material é embarcado no porto na Pederneira. A exploração prossegue até 1848, altura em que a mina deixa de ter laboração, devido à falta de venda da matéria-prima.
No entanto, é na década de 50 que a exploração ganha novo rumo. Em 1855, por morte de Julião Le Cesne Guillot, Thomas le Cesne Guillot compra a parte de seu irmão. Em 1856, por morte de Thomas, o Marquês compra toda a parte da casa le Cesne Guillot e no ano seguinte compra aos restantes afeiçoados. Desta forma, o Marquês da Bemposta torna-se o único proprietário da Mina do Azeche.
Em 1856 recomeçam os trabalhos de exploração, desta vez com o recurso a caldeiras, sendo desta forma construída uma fábrica para as albergar. A Fábrica da Mina situava-se junto à “Boca da Mina”.
Até 1930, o asfalto é extraído esporadicamente para algumas obras de empreiteiros. São ainda várias as tentativas de venda, que só se veio a realizar em 1931. Nesta data, a mina é vendida a uma companhia londrina, liderada por J. M. Passos Henriques (português residente em Londres). É também a partir desta data que se acaba todo o fundo documental, tendo-se recorrido a testemunhos orais. É retomada a exploração ainda nos anos 30, no entanto provou-se novamente que os encargos com a exploração eram muito elevados, não compensando a sua exploração. A companhia abandonou, então, a mina, deixando algumas dívidas para com os trabalhadores. Nos anos 70, a propriedade da mina foidividida pelo antigo guarda Zé Bruno e distribuída aos trabalhadores como forma de pagamento.
O vídeo mostrado durante a apresentação
http://www.youtube.com/watch?v=O2dkhLUSSMU
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