O Ministério da Educação anunciou ontem a segunda fase do processo de agregação de escolas.
http://www.portugal.gov.pt/pt/os-ministerios/ministerio-da-educacao-e-ciencia/mantenha-se-atualizado/20120601-mec-agregacao-escolas.aspx
Nesta segunda fase, foi criado um mega agrupamento em Alcobaça com a Escola Secundária D. Inês de Castro, e os Agrupamentos de Escolas D. Pedro I, Frei Estevão Martins e Pataias, num total de 4156 alunos.
De acordo com o Ministério «Os novos agrupamentos permitem reforçar o projeto educativo e a qualidade pedagógica das escolas, através da articulação dos diversos níveis de ensino, do pré-escolar ao secundário. Possibilitam que os alunos realizem todo o seu percurso escolar no âmbito de um mesmo projeto educativo, se assim o desejarem. Facilitam o trabalho dos professores, que podem contar com o apoio de colegas de outros níveis de ensino, e ajudam a superar o isolamento de algumas escolas. Permitem também racionalizar a gestão dos recursos humanos e materiais das escolas, dando-lhes o melhor aproveitamento possível. Os estabelecimentos de ensino mantêm a sua identidade e denominações próprias, recebendo o agrupamento uma designação que o identifique».
Se em alguns casos isto até pode ser verdade, pessoalmente e profissionalmente tenho muitas dúvidas sobre a eficácia na gestão e articulação nesta agregação de escolas.
3 escolas da sede de concelho e Pataias e mais de 4100 alunos.
Que ligação há, social e cultural, entre Pataias e Alcobaça?
Que projeto educativo será apresentado de forma a refletir as especificidades de Pataias?
Refletirá o nome desta agregação de escolas a existência de Pataias?
O que une e o que existe em comum entre Pataias e Aljubarrota, a Turquel e a Évora de Alcobaça, ao Vimeiro, à Cela e ao Bárrio? Que afinidades tem Alcobaça com Pataias?
É claro que existem aqui vários constrangimentos e que acabaram por ser decisivos neste desfecho:
- a pequena dimensão do agrupamento de escolas de Pataias (determinante)
- a falta de ensino secundário
- a dificuldade de encontrar no Agrupamento um projeto e uma liderança consistente (no tempo)
- um Conselho Geral onde se faz sentir (muito) a vontade da autarquia (muito determinante)
As alternativas a esta mega junção eram poucas:
- a agregação seria feita com S. Martinho do Porto (bem vistas as coisas, seria muito pior e ainda mais difícil de criar um projeto comum)
- o Agrupamento de Escolas de Pataias ficaria sozinho. Dada a sua reduzida dimensão, a vontade (encapotada) da autarquia e a politica ministerial atual, uma hipótese muito difícil de concretizar.
Uma outra alternativa teria sido avançar para um contrato de autonomia e criar e defender um projeto educativo para Pataias e o norte do concelho. Que defendesse os seus alunos e os preparasse para a realidade local, económica e social, muito mais próxima da Marinha Grande e de Leiria, que de Alcobaça.
Que garantisse que Pataias e os seus alunos não serão esquecidos e subalternizados por esta nova entidade, cujo interesse não seja apenas o de garantir, a prazo, mais 5 ou 6 dezenas de alunos nas turmas do secundário.
Mas aí, só as pessoas que há muito anos trabalham nestas escolas de Pataias e que verdadeiramente conhecem a realidade e as dinâmicas próprias aí existentes poderiam pronunciar-se sobre a sua viabilidade e pertinência. E certamente essa hipótese foi ponderada, nas suas vantagens e inconvenientes.
Mas todo este processo é subordinado aos interesses económicos e políticos.
Aguarda-se agora, que num futuro próximo, também a gestão de pessoal docente passe para as autarquias, politizando definitivamente as únicas organizações estatais (as escolas) em que os partidos não conseguem ter uma influência e interferência directa e eficaz.
E onde a contratação de pessoal obedece ao único concurso público existente neste país onde as regras são claras e transparentes e o compadrio não tem lugar.
Para sugestões, comentários, críticas e afins: sapinhogelasio@gmail.com
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Aqui está um assunto que passou claramente ao lado da população de Pataias.
ResponderEliminarPerdemos claramente uma excelente oportunidade de se criar e defender um projeto educativo para Pataias e o norte do concelho com tu o dizes, aproveitando a autonomia que no futuro as direções das escolas vão ter na sua gestão.
Quem tomou a decisão e aqui o Concelho Geral deve ter tido a ultima palavra não venham no futuro mandar bitaites... (diz-que havia alguém com poder de decisão a nivel do ministério que defendia que Pataias fica-se fora deste agrupamento).
Enfim falamos criticamos os cães ladram e a caravana passa...
A questão começa a fazer sentido, que futuro para as escolas de Pataias?, será que o tão falado centro escolar continua a fazer sentido?, não será de aproveitar as instalações da EB23 para isso?
Agora começo a perceber porque é que Alcobaça não investe na zona industrial de Pataias...
Vou aguardar pela próxima decisão sobre Pataias.
Àrrã da Lagoa