Para sugestões, comentários, críticas e afins: sapinhogelasio@gmail.com

segunda-feira, 4 de junho de 2012

O último moleiro de Pataias

Mais um trabalho do magnífico Tiago Inácio, desta feita publicado na edição de Junho de 2012 do jornal Pataias à Letra

Artur Santos Salgueiro é  último Moleiro de Pataias

Para quem se lembra das Boubãs ou da ribeira das Paredes é fácil fazer a associação aos moinhos outrora aí existentes, moinhos esses com muita história para contar, mas que o tempo fez questão de apagar. No entanto, desengane-se quem pensa que já não existem Moleiros tradicionais na freguesia. Ainda existem 2 moinhos artesanais a funcionar 24h/dia, 365 dias/ano, na freguesia de Pataias. Artur Santos Salgueiro, conhecido como “Quintas, é o único e muito provavelmente o último Moleiro artesanal de Pataias e arredores.
Nasceu a 10 de Outubro de 1943, na aldeia dos Pisões, descendente de uma família de Moleiros. Desde muito cedo que ajudava os pais na moagem dos cereais, e já durante o seu percurso escolar, possuía um moinho a seu encargo. Após a conclusão da 4ª classe, dedicou-se única a exclusivamente à moagem de cereais, não conhecendo outra profissão além de Moleiro. Actualmente, já com 68 anos possui dois Moinhos artesanais ainda a laborar, um junto a sua casa, e outro que lhe é arrendado, junto às ruínas da antiga Industria Vidreira de Pataias. Possui ainda um moinho elétrico também junto a sua casa (implementado nos anos 70), e também um outro moinho artesanal nos Pisões, que já não labora. O processo de moagem ocorre da seguinte forma que o experiente moleiro sabe de cor: a água cai sobre a roda hidráulica, fazendo-a rodar a uma velocidade constante, por cada volta que a roda dá, produz força pra rodar 7 vezes a mó. O milho (branco ou amarelo), cai gradualmente de um pequeno depósito para o centro das Mós (Cada mó pesa cerca de 1 tonelada), sendo desta forma triturado, acabando por se tornar em farinha. A força exercida pelas mós faz empurrar a farinha para as suas laterais, acabando esta por cair dentro de um reservatório, que é necessário vazar algumas vezes ao dia. 
Quanto a produção, cada moinho artesanal consegue produzir (dependendo da época do ano, devido ao caudal do ribeiro), uma média de 10 kg de farinha por hora, enquanto o moinho elétrico consegue atingir os 40kg por hora. A farinha é normalmente vendida em sacos de 40 kg e tem como principal destino as padarias da região, e em alguns casos atinge distâncias maiores como é o caso de Rio Maior.
Artur Salgueiro, é desta forma o único e muito provavelmente o último Moleiro em toda a freguesia e arredores a produzir artesanalmente farinha.





Sem comentários:

Enviar um comentário