Na edição escrita 985 do Região de Cister de 5 de Julho de 2012
Iniciativa permite que
alunos da vila de pataias estudem em Alcobaça
Gaspar Vaz eleito
presidente do Mega-Agrupamento
Gaspar Vaz foi anunciado
esta semana como o presidente do Agrupamento de Escolas de Cister, que tem como
objetivo evitar a saída de alunos de Pataias do concelho de Alcobaça.
O também diretor da
Esdica confessou que a presidência deste novo agrupamento é um “desafio a ser
superado”, em grande parte devido ao facto de abranger mais de 4 mil alunos.
“É óbvio que é um número
muito grande mas teria de o levar para a frente. Caso não o fizesse, seria um
sinal de fraqueza e cobardia. Estaria a virar as costas num momento tão
difícil”, comentou o docente, realçando que neste momento o mais importante é “trabalhar”
e fazer o “máximo possível para que tudo dê certo desde o início”.
Com este novo
agrupamento, os alunos que terminarem o 9º ano na vila de Pataias serão
encaminhados para a Esdica, impedindo que muitos deles optem por ir estudar
para a Marinha Grande ou para a Nazaré. “Sem a verticalização, Pataias podia
correr o risco de desaparecer ou ser agregado a outros agrupamentos”,
justificou- Paulo Inácio, presidente da Câmara de Alcobaça, considerando que
esta foi uma opção “inteligente” por parte dos responsáveis da escola.
Para que tudo se
desenvolva conforma o previsto, Gaspar Vaz pretende “ouvir” e “analisar” as
melhores opções, até porque poderá não ser necessário fazer grandes alterações.
“Por vezes não se muda
para melhor e se tudo poder funcionar como está, melhor para nós. Esperemos
alterar o mínimo possível para que tudo se desenvolva da melhor maneira
possível”. Para isso, o responsável pretende utilizar “todos os meios que
estejam disponíveis”, sejam eles “físicos ou humanos”.
Comentário
Continuo a ver muita
demagogia e desinformação nas notícias que vão saindo sobre o mega-agrupamento
de escolas.
Em primeiro lugar o
subtítulo da notícia “Iniciativa permite que alunos da vila de pataias estudem
em Alcobaça”.
Ora, é do conhecimento geral que a única coisa que impedia os
alunos de Pataias de estudarem em Alcobaça era um serviço de transportes com
horários que não lembravam a ninguém. E foi assim durante mais de 20 anos.
Quando finalmente a Câmara colocou transportes escolares com horários
decentes, o número de alunos de Pataias a estudarem em Alcobaça subiu… em
flecha. Parece-me pois “populista” o título da notícia.
Em segundo, “os alunos que terminarem
o 9º ano na vila de Pataias serão encaminhados para a Esdica, impedindo que
muitos deles optem por ir estudar para a Marinha Grande ou para a Nazaré”.
É
falso, tal como está escrito.
A ideia da verticalização dos agrupamentos é
permitir que os alunos prossigam os estudos dentro do mesmo agrupamento e do
mesmo projeto educativo. Mas a Lei também nos diz que os pais são livres de
inscreverem os filhos onde quiserem, independentemente do seu local de
residência e do ano de escolaridade. Portanto, se algum pai ou aluno quiser
estudar na Nazaré ou na Marinha Grande, não há NADA que o impeça (excepto a vaga no estabelecimento).
Já agora, estou curioso para ver o projeto educativo do novo agrupamento. Não será fácil conciliar as realidades, as vivências, o mercado de trabalho de Aljubarrota, Évora, Vimeiro, Cela, Bárrio com... Pataias. Ou alguém vai "abdicar" de alguma coisa?
Terceiro, “Sem a verticalização,
Pataias podia correr o risco de desaparecer ou ser agregado a outros
agrupamentos”.
É aqui que eu me bato.
Pataias “ser agregado a outro agrupamento”,
não foi o que aconteceu agora? Qual foi a vantagem de o ser agora, se eventualmente nem o poderia ser no futuro?
Pataias poder “desaparecer”
– como? Extinguir a escola de Pataias que atualmente tem cerca de 340 alunos no
2º e 3º ciclo, é isso que querem dizer? Que garantias existem que essa
extinção, agora que foi feita a agregação, não irá acontecer?
E até digo mais, se houvesse, no futuro, esse
risco, que posição tomaria a Câmara relativamente ao encerramento da escola,
situada a 20km da sede do concelho, e que serve todas as freguesias do norte do
concelho? Deixaria fechar ou iria bater-se pela sua manutenção, como dezenas de
outras autarquias têm feito relativamente ao encerramento das suas escolas?
Há aquele ditado que diz "pagar e morrer, quanto mais tarde melhor...".
Resta-nos uma esperança.
As autarquias – Câmara e
Junta – assim como algumas coletividades têm assento no futuro Conselho Geral
do Agrupamento. Espero que se batam, ou melhor, que EXIJAM A MANUTENÇÃO do 2º e
3º ciclo, independentemente do número de alunos, em Pataias. Pois a mim
parece-me que será muito mais fácil deslocar 1 ou 2 vezes por semana alguns
professores que três centenas e meia de alunos todos dias. Se assim não for,
terão ainda mais explicações para dar.
E já agora: haverá transporte a horas decentes dos alunos da Martingança e Burinhosa para Alcobaça, ou esses podem continuar a ir para a Marinha Grande?
E os funcionários, talvez os maiores afetados por todo este processo. Alguém os ouviu?
Reafirmo.
Esta decisão representará um preço demasiado alto naquilo que é um conceito de desenvolvimento social, humano e até económico que Pataias poderá nunca ter capacidade de pagar.
Espero muito estar errado.
Imprecisões… equívocos… ou o quem tudo quer, tudo poderá perder – direi eu!
ResponderEliminar1º - O facto da Escola EB 2,3 de Pataias ter tido, até agora, uma personalidade jurídica própria nunca constituiu qualquer obstáculo a que os seus alunos continuassem estudos, após o 9º ano, na Escola Secundária D. Inês de Castro. Aliás, na última meia dúzia de anos, o número de alunos a fazerem a continuação de estudos em Alcobaça aumentou.
2º - Comparar Marinha Grande (escola pública) e Nazaré (escola privada mas com dinheiros públicos), não só é querer pôr em pé de igualdade o que é desigual, como me leva a perguntar o porquê de não ter sido levada a cabo, ao longo destes anos todos, uma acção de combate à fuga dos alunos do nosso concelho para o Juncal (concelho de Porto de Mós)?
3º - A verticalização, para já, já fez desaparecer juridicamente a Escola EB 2,3 de Pataias. Quanto ao seu desaparecimento físico, este está, no meu entender, agora, mais facilitado. Senão, veja-se: quando é que mais escolas do 1º ciclo e jardins-de-infância encerraram? Não foi após o aparecimento dos agrupamentos? Por que é que agora poderá ser diferente? Além disso, se tudo se concentra em Alcobaça, o que é que impede os pais das povoações mais a norte do concelho, mais ligados à Marinha Grande em termos profissionais e comerciais, de levar os seus filhos, uma vez concluído o 1º ciclo, para esta? E por sua vez, o que impede os das freguesias mais próximas de Alcobaça de os trazerem logo para uma das escolas, deste novo agrupamento, situadas na cidade? Se tal acontecer, - e Deus queira que eu me engane – o que restará a Pataias?
4º - E por último, Senhor Presidente, permita-me discordar da sua afirmação:
- Em primeiro lugar, não consegui, ainda, descortinar qualquer “inteligência” no encerramento do Agrupamento de Escolas de Pataias. Tendo este mais de 800 alunos, e sendo dadas como exemplos recorrentes as Escolas da Finlândia, – cerca de 500/600 alunos – onde está a inteligência? Só se a “inteligência” estiver no facto de um punhado de pessoas se ter prestado ao papel de assinar a carta de despedimento de professores e, sobretudo, de funcionários administrativos, que o governo ainda não se tinha disposto a assinar este ano…
- Depois, considerar o encerramento de serviços, por si só, um acto “inteligente”, obrigar-me-ia a considerar “inteligente” o anterior Primeiro-Ministro que se distinguiu no encerramento de escolas, centros de saúde, urgências hospitalares, maternidades, etc. E, pessoalmente, recuso-me a tal. Esperto terá sido, sem dúvida! Por isso hoje se encontra por Paris …
- E, finalmente, então terei de reconhecer que, afinal, a suprema “inteligência” será atingida pelo nosso actual Primeiro-Ministro quando, depois de completar o trabalho de encerramento de escolas, tribunais, hospitais e maternidades, iniciado pelo governo anterior, extinguir, também, a generalidade das freguesias e dos municípios…
Já agora, porque não se fecha o país?
João Paiva