O Editorial é do Região de Cister, nº859, de hoje:
Editorial
Obras e contestação andam de mãos dadas no concelho de Alcobaça. A história repete-se agora em Paredes da Vitória, onde os trabalhos ainda estão longe de terminar
Desde 2007 que moradores e comerciantes de Paredes da Vitória vivem o caos à sua porta, com as obras de requalificação daquela praia.
Os trabalhos arrastam-se no tempo também porque as obras foram feitas de forma faseada, de modo a minimizar o impacto que este género de intervenções sempre acarreta. A intenção da Câmara era boa, mas as contas da autarquia saíram furadas. Foram muitas as peripécias que atrasaram os trabalhos: um dos empreiteiros faliu, a ETAR só tem dado problemas e os moradores mostraram-se atentos, exigindo explicações e reuniões dos responsáveis.
Ninguém quer ter barulho, pó e confusão à porta de casa. Muito menos algum comerciante quer ver quebras acentuadas nas receitas porque os clientes já não vêm como vinham antes das obras.
Acreditamos também que a Câmara não tem interesse em atrasar uma obra que até já tem financiamento garantido, prejudicando uma mão cheia de pessoas numa pequena localidade de uma freguesia do concelho.
Certo é que as obras são um mal necessário.
A requalificação de uma praia deve ser entendida de forma positiva, apesar dos muitos transtornos que tem causado.
No concelho de Alcobaça, a história recente diz-nos que obras de grande envergadura são sinónimo de revolta. Foi assim no centro histórico da cidade, com direito a providências cautelares, e com a requalificação da marginal de São Martinho do Porto, onde, apesar de tudo, a contestação foi mais pacífica.
A praia de Paredes da Vitória precisava de uma intervenção que fosse além do saneamento. Se o concelho de Alcobaça, e particularmente as praias do litoral norte, querem afirmar o seu potencial turístico, a qualificação dos espaços públicos torna-se absolutamente necessária. A bem de uma maior procura de veraneantes e ainda que com o sacrifício ‘temporário’ de alguns.
Comentário
No mínimo, curioso, este editorial do região de Cister.
Os trabalhos arrastam-se no tempo também porque as obras foram feitas de forma faseada, de modo a minimizar o impacto que este género de intervenções sempre acarreta.
Este faseamento das obras há muito que caiu por terra. Neste momento, o atraso é quase de dois anos. O faseamento defendido pela autarquia, significou, entre outras coisas, obras de pavimentação da única estrada nos meses de Julho e Agosto e retirada de máquinas no dia 1 de Setembro! Que faseamento é este?
a ETAR só tem dado problemas
E não foi por falta de aviso. Não há um único morador, veraneante ou simples visitante que não se interrogue ou indigne pela localização da ETAR em plena duna da praia. Mais de seis meses depois de entrar em funcionamento, ainda não tem a ligação à EDP! Chamam a isto faseamento? Estavam à espera que não desse problemas?
O projecto inicial não foi cumprido e o emissário submarino foi substituído por um outro até à Pedra do Ouro, com a finalidade de irrigar os campos de golfe. Entretanto os efluentes (para não dizer merda), vai-se infiltrando nas areias da praia junto à Mina do Azeiche, rezando para que não haja roturas.
Fala-se agora por aí, que afinal de contas esse emissário não é para levar a água tratada para a Pedra do Ouro, mas para trazer os esgotos dessa autêntica cidade e tratá-los na ETAR das Paredes. Será verdade?
os moradores mostraram-se atentos, exigindo explicações e reuniões dos responsáveis
Explicações que foram dadas e promessas feitas que ainda estão por cumprir. Isto acompanhado por declarações off the record indignadas dos responsáveis técnicos e políticos, do tipo “esses gajos só sabem chatear”. E outras que o pudor e respeito por aqueles que consultam o blogue me inibem de reproduzir.
Muito menos algum comerciante quer ver quebras acentuadas nas receitas porque os clientes já não vêm como vinham antes das obras.
E se as obras se arrastarem indefinidamente, como tem sido prática insistente, haverá algum apoio aos comerciantes, alguma compensação?
Acreditamos também que a Câmara não tem interesse em atrasar uma obra que até já tem financiamento garantido, prejudicando uma mão cheia de pessoas numa pequena localidade de uma freguesia do concelho.
Só uma pergunta: as obras de requalificação em Alcobaça e S. Martinho alguma vez se atrasaram mais de um ano?
E vamos lá ver, mais do que “uma mão cheia de pessoas numa pequena localidade”, a praia das Paredes é ou não é uma das imagens de marca do concelho? Pelos vistos não é. É apenas uma pequena localidade com uma mão cheia de pessoas.
Porque se fosse, rapidamente se chegaria à conclusão que o que está em causa é a imagem e a qualidade de vida no município de Alcobaça.
E também não se pode dizer que seja pelo número de pessoas: “uma mão cheia de pessoas” são tratadas de igual forma que a maior freguesia em área e segunda maior em população: ostracizadas, esquecidas, enganadas, vilipendiadas.
Ou seja, o norte do concelho dá jeito para receber impostos e outros dividendos. Só.
A praia de Paredes da Vitória precisava de uma intervenção que fosse além do saneamento. Se o concelho de Alcobaça, e particularmente as praias do litoral norte, querem afirmar o seu potencial turístico, a qualificação dos espaços públicos torna-se absolutamente necessária. A bem de uma maior procura de veraneantes e ainda que com o sacrifício ‘temporário’ de alguns.
Não está em causa a necessidade da intervenção.
O que nos magoa é a sua fraca qualidade, o seu secretismo, a sua incompetência, o seu amadorismo.
«O sacrifício “temporário” de alguns» é uma frase bonita. Pena é que sejam sempre os mesmos, de forma eterna.
Para sugestões, comentários, críticas e afins: sapinhogelasio@gmail.com
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