Para sugestões, comentários, críticas e afins: sapinhogelasio@gmail.com

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Golfe da Pedra do Ouro

Do site da Turisver, o seguinte artigo abordando o Campo de Golfe da Pedra do Ouro:

Milhões de Euros de investimento em golfe no Oeste


Entre ampliações e novos campos, o golfe no Oeste não pára de crescer, atraindo investimentos complementares na hotelaria, turismo residencial e outras componentes.
No concelho de Torres Vedras, o Campo de Golfe do Vimeiro, com nove buracos, e agora propriedade de uma empresa suíça, tem um projecto de ampliação para 18 buracos, e é conhecida a ideia do Vimeiro se transformar numa escola para iniciados na prática do golfe. Também neste concelho vai nascer um campo de golfe municipal que irá introduzir na região a aprendizagem de golfe.
Também em Torres Vedras, o Campo Real vai entrar numa nova fase com a construção de mais 9 buracos de golfe, moradias de topo e um pequeno hotel boutique da ordem dos 70 quartos.
Com estudo prévio aprovado há um projecto de 120 hectares na Praia Azul, o Cisandro Village, do qual deveria vir a fazer parte uma unidade hoteleira do Grupo Intercontinental, com cerca de 280 quartos, segundo uma “carta de conforto” que os promotores tinham já daquela cadeia hoteleira internacional. No entanto, no momento, este é um projecto que está parado por questões que têm a ver com o financiamento, ou falta dele.
Também já aprovado pela Câmara de Torres Vedras está um pedido de informação prévio relativo ao projecto da Quinta da Charneca, situado no interior do município, já no caminho para Alenquer. Trata-se de um projecto de capitais portugueses a desenvolver numa área de 70 hectares, integrando um campo de golfe de 18 buracos, um hotel e turismo residencial, num total de cerca de duas mil camas. Este projecto vai no entanto ser alvo de um novo master plan uma vez que os seus proprietários adquiriram uma outra quinta, adjacente, de 80 hectares, o que elevará a área total onde o projecto deverá ser desenvolvido, para 150 hectares.
Em Óbidos há também novidades. Para além do Royal Óbidos, que está já em desenvolvimento, o Grupo Béltico, proprietário do resort Praia D’El Rey, vai desenvolver outro empreendimento, o Falésia d’El Rey. São 200 hectares de terreno, cerca de duas mil camas e um hotel de cinco estrelas, além de outros serviços. Quando este empreendimento entrar em funcionamento, Óbidos passará a contar com um total de quatro resorts de golfe e um resort equestre, integrando cinco hotéis de cinco estrelas.
Para Alcobaça estão em análise dois projectos, um de grandes dimensões na Pedra do Ouro, próximo de São Pedro de Moel, integrando dois campos de golfe de 18 buracos, uns milhares de casas vocacionadas para turismo residencial, e dois hotéis. Outro dos projectos, na Várzea, entre Alcobaça e São Martinho do Porto, inclui campo e golfe de 18 buracos, aldeamento e hotel.
Também para a Nazaré, município que agora passou a integrar a Turismo do Oeste, há um projecto para um resort de golfe, ao mesmo tempo que o projecto municipal Nazaré XXI, também com campo de golfe, aldeamento e hotel.
Na Serra do Bouro, Caldas da Rainha, está em desenvolvimento um projecto, de capital inglês que inclui golfe de 18 buracos e aldeamento.
Em Rio Maior, os proprietários do Golden Eagle submeteram para apreciação da Câmara um projecto para as proximidades da praia da Areia Branca, que terá formato idêntico aos anteriores, ou seja, golfe de 18 buracos, aldeamento e hotel. No Bombarral há também um projecto para golfe de 18 buracos, aldeamento e hotel, o mesmo acontecendo em Alenquer, com a Quinta da Abrigada que incluirá um campo de golfe Par 72, 18 buracos, hotel de cinco estrelas, aldeamentos turísticos de luxo, health club, campos de ténis, piscinas, restaurantes, bares… Um formato comum a quase todos os resorts de golfe na região, existentes ou em projecto.

Comentário:

Da jornalista Helena Peralta, o seguinte artigo do Jornal de Leiria, edição 1326 de 10 de Dezembro de 2009, abordava a questão da água e dos campos de golfe:

Um campo de golfe consome tanta água como 60 mil pessoas

A discussão não é nova. O golfe traz a Portugal milhares de turistas, milhões de euros, mas aloja um terrível problema ambiental: o consumo excessivo de água. As Jornadas da Sustentabilidade, Energia e Formação Profissional organizadas pela Airo, Associação Industrial da Região Oeste, que decorreram em Óbidos e Caldas da Rainha nos dias 25, 26 e 27 de Novembro, dedicaram um painel ao turismo sustentável, entre os quais o golfe.
A plateia ficou a saber, por exemplo, que um campo de 18 buracos consome por dia o equivalente a uma cidade de 60 mil pessoas, ou seja, mais do que os concelhos de Caldas da Rainha e Óbidos juntos.
Sendo que a região Oeste tem seis campos de golfe, e ainda mais um em construção, na Curia, o consumo regional de água aumentou como se existissem seis novas cidades.
Fazendo o mesmo exercício para todo o país, onde existe um total de 67 campos de golfe – ainda que não sejam todos de 18 buracos - é como se Portugal tivesse aumentado a sua demografia em quatro milhões de pessoas. O que torna as campanhas de redução de água, do tipo “feche a torneira enquanto lava os dentes”, ou reduza a água do autoclismo”, perfeitamente ridículas.

350 MILHÕES DE RECEITAS

Porém, como salienta Duarte Beltrão, director de manutenção do Campo de Golfe do Bom Sucesso, em Óbidos, “o retorno económico é elevado. São mais de 250 mil estrangeiros que chegam a Portugal e 350 milhões de euros de receitas que entram”. O especialista diz ainda que os campos de golfe procuram, cada vez mais ser ecofriendly, ou seja, reduzir assim o impacto negativo no ambiente. E ao que parece estão no bom caminho.
Através de novas variedades de relva, mais resistentes, reduzem assim o consumo de água e a necessidade de usar pesticidas em caso de praga.
Nos campos eco-friendly, o consumo de água pode ser reduzido de várias formas: através de estações meteorológicas, fornecendo aos relvados apenas a água que necessitam, através da recolha da água de drenagens de lagos para reutilização, ou através de regas nocturnas com vários arranques - um campo de 60 hectares consome cerca de 2.500 metros cúbicos de água por noite - economizando energia em tarifa económica.
No Algarve, onde já existem 31 campos de golfe – segue-se Lisboa com 17 – e onde a água não abunda, esta preocupação é uma constante.
Sabe-se que o consumo de água aumentou cerca de 10 vezes nos últimos anos devido à prática deste desporto.
Segundo um estudo realizado pela Águas do Algarve em 2005, data em que apenas existiam 29 campos de golfe, o consumo de água destes locais atingia os oito milhões de metros cúbicos ao ano. O consumo urbano representa apenas 27% do total de água gasto, sendo que a agricultura e golfe consomem os restantes 73%. Calcula-se que a rega dos campos de golfe consuma mais ou menos o mesmo que os citrinos, principal produto da região.

Ora, vamos lá fazer umas contas breves:
Campos de Golfe: 14 - Torres Vedras - Vimeiro (1); Torres Vedras - Campo Real (2); Torres Vedras - Praia Azul (3); Torres Vedras - Quinta da Charneca (4); Óbidos - Royal Óbidos (5); Óbidos - Falésia d'El Rey (6); Alcobaça - Pedra do Ouro (7); Alcobaça - S. Martinho do Porto (8); Nazaré - Resort (9); Nazaré - Nazaré XXI (10); Caldas da Rainha - Serra do Bouro (11); Lourinhã - Areia Branca (12); Bombarral (13); Alenquer - Quinta da Abrigada (14).
14x60000=840000 habitantes.
A população do Oeste, segundo o INE, em 2008 era de 363930.
Com os campos de golfe, estamos a quadriplicar o consumo de água para uma população estimada em 1,2 milhões.
Haverá sustentabilidade ambiental, nomeadamente na água, para esta população?
14 empreendimentos de golfe são economicamente sustentáveis, ou é para acontecer o que aconteceu em Marvão?
Eu não tenho nada contra os empreendimentos turísticos e de golfe. Mas parece-me claramente uma falta de planeamento e de estratégia de desenvolvimento regional, aquilo que se prepara para o futuro.
Quanto a Alcobaça, e nomeadamente Pataias, até hoje, sem problemas de abastecimento de água, qual será o nosso futuro? Iremos nós pagar mais por um recurso ainda relativamente abundante na nossa freguesia - e que pelos vistos não sabemos preservar e gerir?
Quem se deve estar a rir, e a esfregar as mãos, é a Águas do Oeste...

2 comentários:

  1. Muito interessante o artigo e apenas tenho a acrescentar que nas breves contas até ficou esquecido o 1º campo do grupo béltico o praia del rey pois só é feita referência ao 2º o falésia del rey.....assim até seriam 15!!!

    ResponderEliminar
  2. Retiro o que coloquei no comentário anterior pois não havia reparado que o falésia del rey não inclui campo de golfe.

    ResponderEliminar