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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Carnaval de Pataias: a crise e o fim da tolerância de ponto

A notícia no Jornal de Notícias
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Gente/Interior.aspx?content_id=2285005&page=-1

Ser famoso já não rende milhares. Que o diga Rita Pereira, João Ricardo e tantas outras figuras da televisão que, neste ano e pela primeira vez, foram "dispensados" de apadrinhar os cortejos de Carnaval.

Crise afasta caras famosas dos festejos de Carnaval

São as "figuras da terra" a ocupar, neste ano os tronos de rei e de rainha - até aqui ocupados pelas celebridades nacionais -, pois os orçamentos reduzidos repetem-se de norte a sul do país.
"O actor João Ricardo foi requisitado por muitas autarquias. A Câmara de Estarreja e uma outra do Algarve convidaram-o a ser o rei, mas nenhuma teve dinheiro suficiente para pagar. Em média, as autarquias estavam a oferecer aos actores entre 2500 e 5000 mil euros. Eu não tenho agenciados por esses valores", conta a agente de figuras públicas Cristina Paiva sem esconder que, "em 20 anos de trabalho nesta área, nunca vi um panorama tão negro".
Fanny, ex-concorrente da "Casa dos segredos", da TVI, "conquistou" Estarreja por um caché inferior a 3000 euros, que contempla apenas o desfile de domingo, dia 19. "Vamos pagar menos 75% do valor que pagámos aos reis do ano passado. Em 2011, recebemos a actriz Marina Mota", descreve Marcos Tavares, presidente da associação responsável pela organização do Carnaval de Estarreja.
Também na freguesia de Vila de Pataias, o Carnaval será "mais pobre". "Pela primeira vez em 12 anos, não teremos figuras públicas. Decidimos não proceder à contratação dado o contexto do país", explica Arménio Vieira, responsável pela organização, que, em 2011, recebeu o cantor Sérgio, dos "Anjos".
Ovar, Torres Vedras, Sesimbra, Paderne, Loulé são outras localidades nacionais que não contam com uma rainha ou rei famoso. Também a Madeira, que, no ano passado, recebeu Francisco Mendes, Fernando Ferrão e outras caras mediáticas, não vai receber estrelas da televisão. O ex-futebolista Paulo Futre e apresentador de "Futrebol", TVI24, faz a excepção e apresenta-se como a figura pública que goza de mais mediatismo a ter direito a "trono". Quanto aos valores envolvidos, ninguém quis revelá-los. "Quem sabe disso é o meu agente", descarta-se Paulo Futre perante a pergunta de quando custa o seu reinado em Buarcos, na Figureira da Foz.
O Carnaval da Mealhada arranjou orçamento para ter a cantora Micaela e o actor brasileiro Anderson di Rizzi, intérprete do "argento Xavier" na novela "Morde & assopra", na SIC. A actriz Marta Andrino, o repórter da RTP Sérgio Mateus e o DJ Sérgio Delgado, irmão gémeo do actor da TVI Marco Delgado, animam o Carnaval de Sines.

A notícia no Correio da Manhã
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/actualidade/revolta-mantem-desfiles-de-carnaval-na-rua

Festejos: Recusa de conceder tolerância de ponto gera contestação
Revolta mantém desfiles de Carnaval na rua


Os principais desfiles vão sair à rua no dia 21, terça-feira de Carnaval, apesar da decisão do Governo de não conceder tolerância de ponto nesse dia aos funcionários públicos. Com cerca de 2,5 milhões de euros já investidos, um pouco menos do que nos últimos anos, as organizações dos 14 desfiles mais famosos do País (ver quadro) esperam quebras de público e de receitas superiores a 50%. Para o comércio e a restauração, a decisão de Pedro Passos Coelho representa um rombo de milhões.
O sentimento generalizado é de revolta por uma decisão considerada tardia e com graves consequências económicas.
Em Ovar, "o corso vai sair com toda a pompa e circunstância", disse ao CM o vereador José Américo Sá Pinto, que fala em "prejuízos incalculáveis" e acusa Passos Coelho de ser "um mau gestor". "Um dia será democraticamente responsabilizado por esta decisão", disse.
Também em Torres Vedras "o Carnaval sai à rua na terça-feira, nem que chovam picaretas", afirmou à Lusa Carlos Miguel (PS), presidente da Câmara de Torres Vedras, que promete uma manifestação de cabeçudos e matrafonas para o dia 18, junto à residência oficial de Passos Coelho. "Vamos entregar ao primeiro-ministro um monumento fúnebre", disse.
Mealhada, Estarreja, Pataias (Alcobaça), Setúbal, Sesimbra, Sines e Loulé são outras localidades onde haverá corso.
Seruca Emídio, edil de Loulé, teme graves prejuízos para o turismo e acredita num recuo. "Temos de ter humildade nos erros e, quando erramos, devemos mudar", afirma.
De Loures, Carlos Teixeira ainda acredita num volte-face: "Estou convicto de que o primeiro-ministro vai ter o bom senso de voltar atrás, como fez Cavaco Silva há alguns anos, porque esta decisão provoca um grande rombo na economia dos municípios."
As autarquias com tradição carnavalesca vão conceder quase todas tolerância de ponto aos seus funcionários. São os casos de Torres Vedras, Ovar, Estarreja, Sesimbra e Mealhada. Mas todos reconhecem que esta decisão terá impacto reduzido.
MÁSCARA PARA FUNCIONÁRIOS E OPOSIÇÃO UNIDA NA CRÍTICA
Mascarados para os serviços. São estas as palavras de ordem da Frente Sindical da Administração Pública. Já a Oposição une-se na crítica ao Governo.
A decisão de não dar tolerância de ponto no Carnaval - que anteriormente só aconteceu em 1993, quando Cavaco Silva era primeiro-ministro - apenas encontra defesa junto de deputados do PSD. Fernando Negrão, que é também presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais, é peremptório: "Concordo em absoluto com esta decisão. Então está-se a extinguir feriados e estamos a discutir uma tolerância de ponto? Devo dizer que há 23 anos era juiz e trabalhei."
Marcelo Rebelo de Sousa, conselheiro de Estado, não tem dúvidas: "O Governo está amarrado a esta solução." Para Marcelo, não é discutível o ponto de chegada mas sim o ponto de partida: a extinção de feriados. E lembra que a prática na Europa é a de não haver tolerância de ponto. Mas não se cortam feriados.
"Esta paixão pela austeridade e pelo corte depois dá nisto", sintetizou António José Seguro, líder do PS. Jerónimo de Sousa, líder do PCP, fala em ataque aos trabalhadores, e Francisco Louçã (BE) sublinha que é "um direito das pessoas, não é um baile". Falta saber se a história se repete. Em 1993, só os deputados do PSD, partido no poder, compareceram no Parlamento.

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