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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A Filarmónica e as festas religiosas em Pataias

Por aquilo que tenho ouvido, também este ano, a Filarmónica de Pataias não tocará, outra vez, nas festas do Sagrado Coração de Jesus. O orçamento foi dado e, aparentemente, não consegue concorrer com um outro mais baixo. As leis do mercado, dirão.
Segundo me contaram também, na comissão de festas, apenas um elemento é favorável à entrega das mesmas à Filarmónica. Todos os outros, preferem o grupo de orçamento mais baixo. As leis da democracia, dirão.
Não deixo de ter curiosidade para saber qual será o resultado das festas de Nossa Senhora da Vitória, e se a Filarmónica de Pataias irá, ou não, tocar nas mesmas. A escolha, legítima, será da respetiva comissão de festas, dirão.
A minha opinião acerca desta matéria e a respetiva decisão também está tomada. Já muito escrevi aqui neste blogue e disse o que pensava sobre o assunto. E reafirmo: as festas não terão o meu apoio nem a minha simpatia, se a Filarmónica de Pataias não participar nos festejos.

No último fim-de-semana decorreu a Assembleia Geral da Sociedade Filarmónica Recreativa Pataiense onde se procedeu, para além da eleição de uma nova direção para o biénio 2012-2013, à apresentação de contas e relatório de atividades.
Para além de uma situação financeira estável, foram os poucos sócios presentes informados dos 96 alunos que frequentam a escola de música e dos quase 3000 euros de “prejuízo” que esta representa nas contas da coletividade, mesmo depois dos subsídios da Junta de Freguesia à Escola de Música e das mensalidades pagas pelos alunos. Alguns dirão que, face às leis do mercado e da economia, não se percebe porque insiste a Filarmónica em manter uma atividade não rentável.
Foram ainda os sócios informados que a banda da Filarmónica contabilizou 19 atuações no ano de 2011, e dessas, apenas 5 foram objeto de pagamento do respetivo serviço. O que deixa 14 atuações à borla, algumas delas oferecidas à população de Pataias ou às respetivas coletividades. Assim, de repente, lembro-me da sua participação no lançamento da 1ª pedra do futuro lar de Pataias, numa ida à Escola C+S de Pataias, num concerto de Verão na praia das Paredes, no concerto de Natal na Igreja Paroquial de Pataias, na Creche e Jardim de Infância do Centro Paroquial de Pataias e nas festas da Nossa Senhora da Esperança, patrocinadas pela Igreja Paroquial de Pataias (a mesma que recebe os lucros das festas do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora da Vitória).
De todas as coletividades da freguesia, parece-me ainda que é aquela que tem demonstrado um espírito mais solidário e cooperativo, e que tem sempre mostrado total disponibilidade para participar em tudo o que visa engrandecer Pataias.

O que me leva a outra questão: A Igreja Paroquial de Pataias. A mesma Igreja Paroquial de Pataias, a quem a Filarmónica de Pataias tem respondido afirmativamente a todas as solicitações, como por exemplo a participação gratuita nas festas de Nossa Senhora da Esperança.
É inegável a obra, quer material, mas sobretudo social, que a paróquia de Pataias tem realizado e o apoio prestado a uma população cada vez mais carente. Sabemos que os valores morais e éticos, que a educação para uma sociedade mais justa, mais digna, mais cooperativa, mais solidária, para a construção de um indivíduo, e por consequência, de uma sociedade, mais humana e menos materialista são um dos objetivos da religião católica.
E por isso não deixo de me interrogar sobre o papel daqueles que estão à frente dos destinos da paróquia de Pataias. O seu papel no meio de tudo isto parece-me o de Pilatos, que lavou tranquilamente as mãos. Ou seja, as festas têm uma comissão autónoma e é da responsabilidade e direito dessa comissão contratar quem muito bem entender. Se a Filarmónica até faz uns concertos na igreja e umas procissões à borla, não temos nada a ver com isso – é uma decisão da responsabilidade da Filarmónica. A nós, representantes da igreja paroquial, apenas nos cabe receber os lucros das festas.
Pouco humano, pouco solidário, muito materialista, dirão alguns.
E os lucros quanto maiores, melhor – dirão outros.

Como pataieiro, fico profundamente desapontado se eventualmente a Filarmónica não participar nas procissões do Sagrado Coração de Jesus e nos festejos de Nossa Senhora da Vitória.
Como pai de um dos músicos da banda, sei que o meu filho ficará triste por não poder tocar na sua terra, ser visto pelos seus amigos e conhecidos. Lamentará ter de andar a tocar por outros sítios, para que ele e os outros jovens músicos de Pataias sejam acarinhados, reconhecidos, incentivados, pois na sua terra não os deixam ser.
Como sócio da Filarmónica, a vontade é exigir à direção que deixe de fazer certos e determinados serviços, ou então, que passe a cobrá-los. Como alguém diria, sem dinheiro não há palhaço.

Mas compreendo aqueles que dizem, quando discutidos estes assuntos, que a Filarmónica deverá continuar disponível para todas as solicitações. A Filarmónica de Pataias existe para promover a cultura e a música, para servir os pataienses e Pataias e não para servir-se deles. E eu tenho de concordar.

4 comentários:

  1. Pelo que ouvi o grupo é o mesmo do ano passado...
    Também ouvi que à mais de trinta anos existem grupos desses em Pataias, mas que era ponto de honra para esses Homens Músicos que em Pataias todas e quais queres festas eram da Filarmonica, em Pataias e onde tradicionalmente actuavam,(os tempos mudam).
    Se assim for a procissão e as festas muito ficam a perder (levando em conta o que os fiéis disseram o ano passado).
    Uma boa oportunidade vai haver quando o sr Bispo cá vier para se lhe expor a situação e por a questão sobre este assunto.
    Será que as finanças fiscalizam este negócio?
    Viva a Filarmónica de Pataias.

    Àrrã da Lagoa

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  2. Fui ingenuo o suficiente para pensar que o ano passado foi uma vez sem exemplo. Continuo tambem a não concordar que as festas em Pataias não tenham a presença da Filarmonica apenas para que no final das contas a igreja tenha mais 200 ou 300 euros.
    Ganha a comissão ganha o grupo convidado e ganha a igreja. Perde Pataias.
    A grandeza das terras e das suas gentes vesse nestas pequenas coisas e em pataias temos ainda muito que aprender.
    Costuma-se dizer que já dei para esse peditório mas para este peditório tambem não vou dar.
    Vou ficar pela filhós e pelo café.

    Xarréu do Coreto

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  3. Se calhar, também é por causa dos comentários que faz neste seu blog que mais uma vez a filarmónica de Pataias não vai tocar nas festas do sagrado coração de jesus, ou seja, os seus comentários têm prejudicado a própria filarmónica, quando apela á não participação da população nas mesmas, não se esqueça que os festeiros também têm familia e amigos...

    Canário da praia

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  4. Fico lisonjeado por constatar que pensa que eu tenho capacidade de influenciar quem quer que seja.
    Não tenho esse desejo, nem a necessidade.
    Faço-o num espaço meu, privado (embora de acesso público), que não publicito e que só lê quem quer (já agora, obrigado pela visita e pelo seu comentário).
    E faço o que sempre fiz: expresso de forma aberta e frontal as minhas opiniões. E isso, nem todos podem dizer o mesmo.
    Pelos vistos, ambos queremos o melhor para Pataias. Eu só acho que quanto a este assunto, estão errados.
    Mas é só a minha opinião. E vale o que vale.

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