Cenário 1: Manter a estrada como eixo de ligação regional
Este cenário é aquele que mais tem sido discutido, apesar de o PDM ainda em vigor referir a construção de uma variante. Esta solução aparentemente agrada à Câmara Municipal e à EP – Estradas de Portugal, existindo mesmo alguns projectos.
Esta proposta baseia a sua intervenção na construção de uma rotunda na confluência da Av. Rainha Santa Isabel (EN242), com as Av. da Lagoa e Rua de Alcobaça. Se por um lado parece resolver a confluência de vias aí existentes, por outro, cria um estrangulamento que obrigará a que todo o trânsito Este-Oeste, na vila de Pataias, tenha de entrar obrigatoriamente na EN242. Isto é, as duas vias paralelas, que neste momento têm uma circulação independente, serão obrigadas a confluir na dita rotunda e a misturar trânsito local com trânsito de atravessamento, o que agora não acontece.
Na prática, as duas vias paralelas que actualmente têm também uma função importante de redistribuição do tráfego (uma mais que outra) e de estacionamento, funcionarão apenas como vias de acesso local, contribuindo para o aumento do tráfego da via principal (Fig. 5).
Fig. 5 – Requalificação da EN242 (Av. Rainha Santa Isabel). Fonte: Adaptado de Câmara Municipal de Alcobaça
Também o estacionamento verá diminuída a sua capacidade. O projecto apresentado prevê a definição de 150 lugares ao longo dos 0,6 km centrais. Destes, apenas 35 são perpendiculares à via de circulação ou em espinha e elimina grande parte do estacionamento actualmente existente, junto à futura rotunda, mas também nos pequenos largos António Oliveira Correia Neves, da Anunciada e junto ao edifício dos CTT. Se se tiver em consideração que numa qualquer manhã de um dia do fim-de-semana se podem contar 130/140 automóveis estacionados ao longo da secção referida, e que ainda existem muitos lugares vagos, percebe-se que o estacionamento proposto é claramente insuficiente (porque diminui o existente).
Quanto à circulação de peões, a mesma mantém-se apenas junto ao edificado, sem que seja proposta uma alteração significativa na sua actual dimensão (aproximadamente 0,8m de largura).
Também a questão da circulação de bicicletas não está contemplada no projecto. E a questão das ciclovias assume particular importância neste contexto local. Primeiro, relacionado com a orografia existente e que é praticamente plana. Segundo, porque a freguesia conta já com mais de 20 km de ciclovias e planeia construir pelo menos outros 10 km. Terceiro, porque há uma grande tradição na utilização da bicicleta como meio de deslocação. Uma vez mais, actualmente, essa deslocação faz-se actualmente nas vias paralelas, não havendo necessidade de quem anda de bicicleta entrar na EN242, excepto em situações de atravessamento (de um lado para outro).
Outro aspecto relevante é a paragem dos transportes colectivos de passageiros (autocarros de serviços local, regional e expresso). Actualmente, a paragem para largar e receber passageiros é feita apenas num local, fora da via de circulação principal, numa das vias paralelas à EN242. Com a proposta de desclassificação e requalificação da via, passarão a existir duas paragens, uma delas na própria via principal e obrigando sempre ao atravessamento da estrada. Por outras palavras, é dada a prioridade ao autocarro que se limita a encostar à berma e são os passageiros que têm de andar de um lado para outro.
Esta proposta enferma assim de alguma debilidades: o afunilamento de todo o trânsito, de atravessamento e local, num só ponto; a diminuição significativa dos lugares de estacionamento; o pouco espaço destinado aos peões e a ausência de corredores para as bicicletas; e o acesso ao transporte colectivo de passageiros.
Mas se nestes projectos qualquer solução encontrada estará sempre longe de conciliar todos os interesses, não deixa de ser evidente que propor estas alterações implica o repensar de toda a circulação local.
Num núcleo urbano partido (e marcado) pelo atravessamento de uma estrada nacional (com importância regional), de intenso tráfego (especialmente no Verão e aos fins-de-semana, devido à proximidade da Nazaré) e cuja rede viária interna está desarticulada, qualquer intervenção ao nível do tráfego terá de ser vista como uma intervenção integrada e integradora.
Esta situação conduz à evidência de que é necessário intervir noutras vias, nomeadamente através da criação de ligações que agora não existem.
Por exemplo, construir a ligação da EB2,3 às Piscinas Municipais. Separadas por 700 metros (em linha recta), a viagem obriga a uma deslocação de 1,7 km de automóvel ou de 2km em autocarro. Outro exemplo, seria a ligação da EB2,3 à zona do “Mato Pinheiro”. Separados por 400 metros, a viagem actual exige uns módicos 1100 metros. A ligação das Piscinas Municipais (e do mercado) à zona do “campo da bola”, tem agora com um trajecto de 2km, quando distam cerca de 900 metros. E todas elas têm de usar a EN242 para se poderem realizar. Ou seja, a construção destas vias de ligação retiraria um grande conjunto de veículos da actual avenida, que apenas a usam porque não têm alternativa (Fig. 6).
Com esta solução, o impacto da construção de uma rotunda seria consideravelmente diminuído, pois uma parte importante do trânsito local não teria de usar a mesma.
Ainda a ter em conta é a ligação da R. de Nsa. Sra. da Vitória com a EN242. Essa rua assume particular importância na rede viária local pois para além de ser uma das principais saídas do núcleo urbano (em direcção às praias), é nela que se localizam as Piscinas Municipais, o Lar de 3ª Idade e Centro de Dia, o mercado semanal e os futuros Centro Escolar e complexo desportivo. É também uma via que tem visto crescer o número e a diversidade de estabelecimentos comerciais, começando a ser um importante eixo comercial. Essa ligação, com a desclassificação da EN242 desaparece, passando a ser efectuada de forma indirecta. Ainda relacionado com a R. de Nsa. Sra. da Vitória, seria necessário alterar o sentido de trânsito da Rua da Cheia e o alargamento da R. do Valinho. Dessa forma, quem viesse pela EN242 teria dois acessos: Rua do Valinho e R. de Nsa. Sra. da Vitória e saída pela Rua do Vale.
Ainda de referir também, a entrada da Rua da Estação na EN242, junto à igreja. A Rua da Estação, para além de servir grande parte da população local, serve ainda de entrada em Pataias para a maior parte dos habitantes de Pataias-Gare e Pisões. Apresentar uma entrada na EN242 da forma como está só é prática para quem queira ir em direcção à Marinha Grande. Sabendo que a Junta de Freguesia, o Centro de Saúde, a GNR, as escolas, as piscinas, o mercado, os bancos – estão todos na direcção da Nazaré, não fará muito sentido proibi-los de virar à esquerda e obrigá-los a entrar em vias secundárias. Ou se permite que os veículos virem à esquerda ou será necessário construir uma ligação entre a Rua da Estação e a Av. Clube Desportivo Pataiense.
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