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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O Galo da Torre

O Galo da Torre


Simbolicamente, o galo representa a alvorada, o amanhecer de um novo dia, um novo tempo de recomeçar. Assim é cantado por trovadores e descrito por poetas.

Tradicionalmente colocado na torre das igrejas, o galo encerra um duplo significado.
Por um lado, simboliza o vigilante que espera pela Aurora. É como deve ser o cristão: fazer a cada dia o anúncio de que Deus está presente na vida, não importa onde ou como se esteja. Que é hora de levantar-se, de recomeçar, de fazer renascer Deus dentro de si e de anunciá-Lo aos homens e mulheres desanimados.

Por outro, tem uma finalidade social e meteorológica. Colocado no centro de uma base metálica que lhe permite girar 360 graus, tem o seu bico sempre (quando não fixo) voltado para o vento e indica também os diversos pontos cardeais.

Para os egípcios, o galo era o símbolo do sol e anunciava o astro da vida. Há ainda quem atribua ao galo o simbolismo da recordação do arrependimento de S. Pedro e o lembrar o clero para ter vigilância. Para além disso, o galo, desde tempos ancestrais, é conhecido como profeta do tempo e acreditava-se que o seu canto afugentaria os maus espíritos e as calamidades.

O galo da torre encerra ainda um outro significado. Tradicionalmente no topo do edifício mais alto das aldeias, vilas e cidades (a torre das igrejas), tem o condão de tudo ver, tudo observar, de tudo saber. Vigilante da vida dos lugares, encerra a história e a tradição das comunidades e está (omni)presente nos diversos acontecimentos. É ainda símbolo de reconforto, de esperança, de orientação, para aqueles que o avistam (no cimo da torre) de longe.

Em Pataias, o galo da torre é também tudo isso.

A orografia de Pataias realça também o poder simbólico do galo. Em tempos em que os edifícios eram todos eles baixinhos e em que as terras, despidas de pinheiros e eucaliptos, eram cultivadas por uma agricultura intensiva de subsistência, a torre da igreja era vista a vários quilómetros de distância e anunciava, com as suas badaladas, entre outros, o tempo de pausa, o fim da jorna e a hora da missa.

Mas hoje em dia, o galo é também uma figura que se está a esquecer e que lembramos apenas de vez em quando. Mas ele continua (omni)presente e visível de quase todas as ruas de Pataias, apesar dos muitos prédios que entretanto apareceram.

Inicia-se aqui, mais uma rubrica do Sapinho Gelásio: O Galo da Torre. Por outras palavras: de onde se avista a torre da igreja? Deixo a cada um de vós, o prazer de identificar.

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