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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A percepção de Paredes da Vitória (11/12)

Paredes da Vitória
A percepção e alteração dos usos da praia (pelos seus habitantes e moradores)


CONSIDERAÇÕES FINAIS (1/2)

Paredes da Vitória é manifestamente uma praia de carácter familiar, onde o hábito, a tradição e as relações inter-pessoais desempenham um papel importante na sua frequência. Quem a procura, vai também em busca da tranquilidade e do sossego.
Fig. 13 - Paredes da Vitória em Maio de 2010. Foto: Paulo Grilo

O antigo porto de mar (desaparecido pelo assoreamento), o povoamento da Pederneira (e consequentemente da Nazaré), os moinhos de farinha existentes no vale e o próprio vale, o campismo “selvagem” na praia, os Mijaretes e até a mina de alcatrão nas arribas sobre o mar, são imagens que povoam o imaginário colectivo dos locais e de quem conhece a praia. Tudo enquadrado num quadro paisagístico de eleição, reforçado por um maciço rochoso popularmente conhecido pelos locais por “castelo” e pelos visitantes por “leão”.
Relativamente às alterações registadas em Paredes da Vitória, elas podem agrupar-se em culturais e ambientais.
Nas culturais, destacam-se as alterações dos modos de vida de uma população predominantemente agrícola (apesar de estar em contacto directo com o mar), para uma população activa maioritariamente no sector terciário (restauração, serviços, turismo). Embora ainda não existam dados estatísticos oficiais que o confirmem, Paredes da Vitória parece ser hoje local de primeira residência para uma população jovem e qualificada, que ali optou viver em detrimento de outros locais como Pataias, Marinha Grande, Leiria, ou até mesmo S. Pedro de Moel e Nazaré.
Nas alterações ambientais, a requalificação urbana e da praia são a maior evidência, mas não as únicas. A construção da ETAR (sobre a duna de ante-praia), a destruição do vale (evidente na ocupação do mesmo por habitações ilegais e pela desflorestação) e o aumento de construção e falta de ordenamento urbanístico, são as mais referidas. Se a requalificação urbana e da praia se destaca como genericamente positiva, a ocupação do vale, a localização da ETAR e a construção civil desregulada são encaradas como factores de perda de qualidade para Paredes da Vitória.
Relativamente à ETAR, a situação não deixa de ser curiosa. Sem saneamento básico até 2010, os esgotos domésticos corriam livremente para o rio, o que esteve na origem da não atribuição da Bandeira Azul a partir de 2002. Assim, o saneamento básico (e a ETAR) eram uma aspiração antiga da população e o facto é que tendo sido inaugurada em 2010, em 2011 a praia de Paredes da Vitória voltou a receber o galardão da Bandeira Azul. No entanto, a forma como o processo foi conduzido (sem consultar a população), a construção da ETAR sobre a duna de ante-praia (quando havia outras localizações possíveis) e alguns problemas de funcionamento que a mesma tem tido, fazem a população e os visitantes ainda olharem com desconfiança para a mesma.

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