A percepção e alteração dos usos da praia (pelos seus habitantes e moradores)
CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICO-GEOGRÁFICA DA ÁREA (1/2)
A praia de Paredes da Vitória localiza-se na freguesia de Pataias, concelho de Alcobaça, a 12 km a norte da Nazaré.
A praia, cortada por uma pequena ribeira de fácil transposição, tem aproximadamente 2 km de extensão e localiza-se na desembocadura de um vale muito encaixado. Está limitada a Norte por um corpo rochoso (conhecido por “Castelo”) e a Sul por uma arriba viva.
Geologicamente, a praia apresenta nas suas arribas uma sequência de rochas margosas e calcário-margosas, calcários conglomerados e arenitos fluviais.
O clima predominante resulta das influências mediterrânica e atlântica, com uma precipitação anual entre os 600-900mm, concentrada no Outono e Inverno. Durante o Verão, faz-se por vezes sentir, ocasional mas persistentemente, a nortada e a ocorrência de nevoeiros matinais.
As referências históricas à povoação datam do séc. I A.C., feitas pelos romanos, aludindo ao seu porto de mar. D. Dinis (em 1282 e 1286) e D. Manuel I (1514) confirmam a importância do porto de Paredes, com a atribuição de forais.
No entanto, o porto de Paredes seria destruído por uma violenta tempestade, ao mesmo tempo que era assoreado pelo intenso movimento de areias. Este acontecimento levou à migração da população para Pataias e para a Pederneira (Nazaré), perdendo o estatuto de paróquia em 1547.
Só em meados do século XIX é que Paredes volta a recuperar alguma importância com a instalação de uma mina de alcatrão na arriba do lugar de Azeche, 1 km a Sul (1844). Nos finais do século XIX, início do século XX, a população era apenas de uma ou duas dezenas, confinada a uma única família. O crescimento da população e a procura da praia, quer por motivos de veraneio, quer por motivos de saúde, contribuiram para o incremento da população, sendo dotada a povoação de escola primária até aos finais da década de 1970, altura em que fecha por falta de alunos.
A principal actividade durante todo o século XX foi a agricultura (de cariz tradicional e virada para o auto-consumo), a moagem de cereais, patente nas dezenas de moinhos (fluviais) ainda hoje existentes, mas completamente degradados e a produção florestal, nomeadamente o plantio das matas nacionais nos anos 30.
Fig. 1 - Paredes da Vitória nas décadas de 1940/1950 (Fotografia do espólio da Casa da Cultura de Pataias)
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