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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Bungalows Land's House na Burinhosa

A notícia de hoje no site do "Sol"
http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=57389

Parque vai corrigir erros para escapar a encerramento

O administrador do complexo turístico Land’s Hause, em Alcobaça, diz que já pensava em pegar nos cerca de 80 bungalows e mudar-se para outro país – Moçambique era uma possibilidade. Mas a ordem de fecho do empreendimento, dada há duas semanas pelo Ministério Público, após uma inspecção da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), acabou por ser suspensa. Na terça-feira da semana passada, o presidente da ASAE, António Nunes, determinou que o espaço continuaria aberto, embora com restrições.
A parte do empreendimento com bungalows mantém-se activa, mas a ASAE ordenou a suspensão da actividade do parque de campismo, dos desportos radicais, do parque infantil e do campo de férias. «Umas 20 ou 30 pessoas tiveram de sair da zona de campismo e ir para a parte de bungalows; esses campistas estavam numa zona que não estava incluída no projecto» – explicou ao SOL o administrador, Manuel Brites, de 54 anos. No complexo estão perto de 500 turistas.
Apesar de tudo, o responsável ficou satisfeito com a reunião que decorreu no empreendimento e que, além de António Nunes, envolveu a Câmara Municipal de Alcobaça. «Fiquei contente quando vi o presidente da ASAE. Eu queria que viesse alguém de Lisboa e não da delegação de Santarém», confessou ao SOL o empresário que se tem queixado de «perseguição».
Manuel Brites contou ao SOL que, nos últimos dois anos, o empreendimento, localizado em Pataias, foi inspeccionado «por 321 fiscais, em 10 ou 12 acções conjuntas da ASAE com o SEF». «Por que é que a ASAE não fez a fiscalização em Maio, de forma pedagógica e não em plena época alta?» – questiona. Apesar das acusações de perseguição, o empresário admite haver falhas no parque – falhas essas que, garante, sempre teve intenção de corrigir.
Pó, insectos mortos e plano de emergência inexistente
Na segunda-feira da semana passada (que era a data limite para a saída dos turistas), Manuel Brites mostrou ao SOL o documento da ASAE onde são apontadas as irregularidades observadas na de fiscalização de 31 de Julho. Os inspectores constataram que um dos bungalows tinha pó, insectos rastejantes mortos e resíduos no chão. Além disso, não lhes foi apresentado nem plano de emergência, nem projecto de instalação eléctrica, nem lista dos utentes.
Outra das infracções notadas foi o facto de o complexo ter admitido autocaravanas sem que dispusesse de estação de serviço que possibilitasse o escoamento de águas residuais e o esvaziamento do WC. A ASAE observou ainda que a piscina não tinha vedação e que o armazenamento de produtos químicos para o tratamento da água da piscina estava na casa das máquinas, sem chave na porta e com uma janela destrancada, junto a um parque infantil.
O complexo, por onde passam seis mil turistas por ano, na maioria franceses e alemães, foi inaugurado em 2005. Mas ainda não possui licença de utilização. Ao SOL, o vereador Hermínio Rodrigues, da autarquia de Alcobaça, esclareceu que o projecto de arquitectura do empreendimento está aprovado e que o que está em falta são os projectos de especialidade. «Houve atrasos por parte do promotor», explica. «Após a entrega dos documentos em falta, a Câmara irá emitir a licença», refere. Hoje mesmo, sexta-feira, está a decorrer naquele empreendimento uma vistoria relativa ao projecto de segurança contra incêndios.
Em declarações ao SOL, o presidente do Turismo do Oeste, António Carneiro, indica que o fecho do Land’s Hause seria «injusto e imoral», tendo em conta tratar-se de um espaço que dinamiza a economia local. «É uma oferta única no país e deve ser acarinhado porque a empresa tem um contrato com operadores franceses para todo o ano e não só na época alta», diz.
O SOL questionou a ASAE sobre o número de empreendimentos turísticos fiscalizados este ano e as maiores infracções detectadas, mas não obteve resposta.
O caso do Land’s Hause veio chamar a atenção para as questões de segurança dos parques de campismo. Para a AsproCivil (Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Protecção Civil), «há parques em que a situação é tão grave que são autênticas armadilhas». «Nunca tivemos problemas de maior porque Deus deve estar a olhar por nós», ironiza o presidente da associação, Ricardo Ribeiro, em declarações ao SOL.
Fiscalização insuficiente, ausência de limpeza da área circundante, problemas de acessibilidade de meios de socorro, existência de materiais vulneráveis a incêndios são alguns problemas apontados pela AsproCivil. «A primeira responsabilidade é de quem gere os parques, mas as câmaras também têm», sublinha Ricardo Ribeiro.
Segundo o Turismo de Portugal, em 2010 estavam em funcionamento 227 parques (64,2% no Norte e Centro) e registaram-se 6,5 milhões de dormidas nestes espaços. Do estrangeiro, espanhóis e franceses são quem mais procura este tipo de oferta.

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