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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Autárquicas: debate a seis foi inconclusivo

O registo no Sapinho Gelásio em: 
http://sapinhogelasio.blogspot.pt/2013/09/debate-autarquico-2013.html
A reportagem no jornal on-line Tinta Fresca
http://www.tintafresca.net/News/newsdetail.aspx?news=c863246e-83d0-4cb2-a013-1ffa44699c1a&edition=155

Alcobaça
Debate com seis candidatos às eleições para a Câmara Municipal de Alcobaça foi inconclusivo

O primeiro e único debate sobre as eleições autárquicas para a Câmara Municipal de Alcobaça teve lugar no dia 5 de setembro no auditório da Biblioteca Municipal. Adelino Granja (BE), Carlos Bonifácio (CDS) e Paulo Inácio (PSD), ocuparam uma das mesas e João Pedro Amaral (PNR), José António Canha (PS) e Vanda Furtado Marques (CDU) a outra mesa, num debate moderado pelos jornalistas Joaquim Paulo e Tiago Santos. A sala esteve cheia, mas o debate foi morno e inconclusivo.
O formato do debate, organizado pelo semanário Região de Cister, com a colaboração da rádio Benedita FM, tinha tudo para correr mal e a Lei de Murphy cumpriu-se mais uma vez. 90 minutos distribuídos por oito oradores, se contabilizarmos 10 minutos de pausas, proporciona 10 minutos de intervenção a cada orador, tempo que dificilmente chegaria para os intervenientes ordenarem duas ou três ideias. Se a esta limitação, acrescentarmos as apertadas regras do debate que limitavam as intervenções a um ou dois minutos e o excesso de zelo dos moderadores que cortaram a palavra aos candidatos, mal acabava o tempo que lhes estava destinado, fácil é concluir que dificilmente se pôde chamar debate a este encontro de candidatos.
Adelino Granja foi o único dos candidatos a tentar furar a sucessão de monólogos em que se transformou o debate, lançando diversas farpas aos seus adversários, mas só João Pedro Amaral respondeu diretamente ao “agent provocateur”, que o acusou de poluir o ambiente com centenas de autocolantes colados nas paredes de edifícios. O candidato do PNR provocou gargalhadas na plateia quando justificou que esta estratégia se devia ao mirrado orçamento de campanha do partido nacionalista: 30 euros, montante aplicado no mais barato material de campanha que encontraram: autocolantes.
Carlos Bonifácio foi o mais caloroso dos candidatos, acusando várias vezes o atual presidente da Câmara Municipal de inação e de tomar opções políticas erradas, mas Paulo Inácio optou por nunca responder diretamente às acusações do seu antigo correligionário de partido, reagindo às intervenções do seu colega de mesa com longos sorrisos irónicos. Apenas uma vez, Paulo Inácio se referiu às invetivas dirigidas pelo candidato do CDS, classificando-as de “palavras bonitas”, mas inconsequentes, uma vez que as autarquias não dispõem de instrumentos macroeconómicos que permitam criar empresas e gerar emprego.
José António Canha centrou todo o debate nas questões de desenvolvimento e puxou por diversas vezes os galões de gestor agrícola sénior para se afirmar.
Vanda Furtado Marques esteve discreta no debate, mas caprichou na indumentária ou não fosse a única mulher presente no debate. A candidata da CDU apresentou-se com um original vestido de chita de Alcobaça, um toque feminino que não passou despercebido no debate. A escritora evitou fazer acusações diretas aos seus adversários, tendo mesmo aproveitado por duas vezes as deixas de Carlos Bonifácio para lembrar as queixas da CDU sobre o atual Executivo, mas deixou vincadas as grandes linhas do programa da CDU.
O atual presidente da Câmara Municipal recordou que não cabe às autarquias criar diretamente empresas, embora reconheça que estas podem criar condições para facilitarem a sua instalação no concelho. Contudo, defendeu que uma das condições para o desenvolvimento do tecido empresarial é as Câmaras Municipais terem as contas em dia com os seus fornecedores, o que sucede no caso de Alcobaça. Paulo Inácio reivindicou créditos na criação do Parque de Negócios de Alcobaça e da Via Verde do Empresário, que proporciona uma discriminação positiva aos investidores. O edil lembrou também que Alcobaça regista uma taxa de desemprego de apenas 11%, o que contrasta com os 16% a nível nacional.
Paulo Inácio esclareceu que, ao contrário do que por vezes se diz, a cidade de Alcobaça nunca teve tanta população, registando um crescimento de 14% na última década, a par da Martingança, cujo crescimento se deve à indústria de moldes. O futuro Hotel de 5 estrelas, a instalar no Mosteiro de Alcobaça, foi outra das bandeiras eleitorais do candidato do PSD, lembrando que irá servir toda a região, por ser o único com essa classificação e ajudará o comércio a sobreviver.
José Canha alertou que "o concelho precisa de emprego como de pão para a boca” e embora reconheça que não compete à Câmara criar emprego, dispõe de um conjunto de instrumentos para o potenciar. O candidato do PS defendeu que a Benedita deve recuperar a tradição industrial, o que dificilmente conseguirá com a Área de Localização Industrial a demorar mais de oito anos a ser efetivada. O ex-diretor regional de Agricultura de Lisboa de Vale do Tejo defendeu também a constituição de parcerias intermunicipais para atrair investimento, nomeadamente, de grandes empresas. O antigo vereador do PS referiu ainda nunca ter ouvido tantas críticas ao Executivo por parte dos próprios eleitores do PSD como agora e garantiu que o PS conta com uma equipa de profissionais com provas dadas, que terá como lema “gerir e investir, com rigor e transparência.”
Vanda Furtado Marques recordou que a Benedita sempre foi uma freguesia empreendedora, mas observa que as empresas estão a fechar pelo que os empresários precisam de recuperar o dinamismo de outros tempos e a Câmara Municipal deve auscultar as suas necessidades. A candidata da CDU não propõe a realização de grandes obras no próximo mandato, considerando mesmo tais investimentos uma ofensa para os mais necessitados do concelho. A professora garantiu que, se vencer as eleições, a CDU só fará obra com planeamento e depois de auscultar as populações.
A candidata acompanhou Carlos Bonifácio nas críticas ao Executivo afirmando que este perdeu fundos comunitários neste mandato e que a requalificação do jardim do tribunal é uma obra de fachada. Vanda Furtado Marques referiu que a CDU irá apostar no turismo, valorizar o património cultural e fomentar o desporto para jovens. Além disso, promete descentralizar as sessões de Câmara, realizando regularmente sessões nas atuais18 freguesias do concelho.
Carlos Bonifácio não poupou nas críticas ao Executivo municipal defendendo que "as geminações com outros municípios não podem ser só para passear", devendo servir também para potenciar investimento de outras latitudes. Defendeu também a redução dos impostos e taxas municipais, de forma a que as empresas não fujam de Alcobaça.
Relativamente à Área de Localização Empresarial da Benedita, Carlos Bonifácio reclamou créditos para a sua gestão por ter conseguido que o terreno situado em Reserva Ecológica Nacional não fosse considerada zona non aedificandi, ter elaborado uma proposta de Plano de Pormenor, que chegou a contar com uma sessão pública na Benedita e ter conseguido cativar 3,5 milhões de fundos comunitários para o empreendimento. O antigo vice-presidente da Câmara acusou o Executivo de desperdiçar fundos comunitários e defendeu o alargamento imediato da Zona Industrial do Casal da Areia, bem como a aposta na ALE da Benedita e na Zona Industrial da Alva, em Pataias. Carlos Bonifácio criticou a requalificação do jardim junto ao Tribunal, defendendo antes a requalificação do Mercado Municipal, por servir de ponto de chegada e partida dos turistas. Além disse, criticou a execução de alcatroamentos em vésperas das eleições sem a realização de obras complementares, como valetas.
Adelino Granja criticou as propostas de Carlos Bonifácio relativamente aos impostos municipais, questionando o agora candidato do CDS porque razão não os reduzira quando era vereador. O conhecido advogado propôs a implementação do Orçamento Participativo e do ensino superior em Alcobaça e a anulação do contrato com a Águas do Oeste, responsabilizando tanto Paulo Inácio como Carlos Bonifácio pelo acordo desfavorável assinado pelo Município com esta empresa .
Por fim, João Pedro Amaral defendeu o nacionalismo e a classificação de Alcobaça como a Capital do produto regional e do turismo.

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