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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Independência e morte

«Independência ou morte». Esse foi, e certamente ainda será, um grito pronunciado pelos povos em busca da sua autodeterminação.
Não será caso para tanto, mas a denominada reforma administrativa e territorial que atualmente existe tem suscitado discussões e polémicas q.b., traduzidas em recusas incondicionais de quaisquer tipo de agregações ou, por outro lado, em esforços conjugados de debelar diferenças, ultrapassar divergências e de construir novas realidades territoriais e administrativas.
Houve uma proposta inicial em que apenas seis freguesias não teriam necessidade de se agregar, a saber: Alfeizerão, Prazeres de Aljubarrota, Bárrio, Benedita, Cós e Pataias. Muita contestação depois e após “calibração” na Assembleia da República pelo poderoso lobby autárquico e ainda recorrente da inércia dos mesmos autarcas, alegadamente na defesa dos interesses dos seus fregueses, em Alcobaça resultou uma “recomendação” de agregação das freguesias de S. Vicente e Prazeres (Aljubarrota); Alcobaça e Vestiaria; Alpedriz, Montes e Cós; Pataias e Martingança.
Cabe à Assembleia Municipal a decisão. Os partidos com assento na mesma, mas também quase todos os presidentes de Junta negligenciaram até ao momento o encontrar de soluções. E até a Câmara Municipal, que depois de dizer na última Assembleia Municipal que não tinha sido a responsável por apresentar quaisquer que fossem as propostas, vem agora dizer que nada tem a haver com esta decisão de agregação forçada, pois ninguém a quis ouvir. O tradicional: a “culpa” morre solteira.
Quanto a Pataias, cada vez mais visada por toda esta movimentação e pela imposição de agregações, a sua postura oficial ainda é de “acatar as deliberações da Assembleia Municipal”.
Pessoalmente, serão todos bem vindos à freguesia de Pataias.
Mas é preciso salientar que Alpedriz e Montes fizeram o seu trabalho de casa. Duas pequenas freguesias que há muito se debatem com a falta de recursos financeiros, humanos e técnicos. As afinidades históricas e culturais, a visão dos seus autarcas, o entendimento de que à falta de outras propostas a união era a mais viável, resultou na vontade de se juntarem e assim o exprimiram. Agora é lhes “imposta” a agregação com Cós, que ambos rejeitam.
Será este o “prémio” destinado a quem cumpriu as suas obrigações, enfrentou os desafios (diria mesmo, “agarrou o boi pelos cornos”) e procurou as melhores (ou menos más) soluções para a sua freguesia? Como fizeram o que lhes foi pedido, serão castigados com uma solução que não querem?
Alpedriz já acenou com a mudança para Porto de Mós, com uma providência cautelar e até já fala em juntar-se a Pataias. Cós é que não. A Assembleia Municipal tem a palavra.
A Martingança é freguesia há 27 anos. Recusa liminarmente a agregação com Pataias, mas vai dizendo que «não há rigorosamente nada contra Pataias». Ameaça com a mudança de concelho, indo para a Marinha Grande.
E é este ponto que me faz lembrar o grito «independência ou morte». A passagem da Martingança para a Marinha Grande (será que a Marinha quer?), não deixa de levantar um outro problema: o concelho da Marinha Grande tem apenas três freguesias: Marinha Grande, Vieira de Leiria e Moita. E face ao corpo da lei, assim continuará por serem apenas três. Se fossem mais, a Moita teria de se agregar. E eu não deixo de pensar (e sorrir, confesso), com a ideia da Martingança passar para a Marinha e depois ter de se agregar com a Moita…
Independência e morte.

3 comentários:

  1. Quando penso, no que foi a passagem da Martingança ou Moita a freguesia, só me vem uma ideia à mente: Haja Dinheiro. Em primeiro lugar nunca achei lógico a Martingança ou Moita serem freguesias, talvez a junção das duas na altura tivesse mais sentido. Mas claro, na altura o país nadava em dinheiro, e criava-se freguesia em tudo quanto era sitio. Quando hoje penso que se formou uma comissão de moradores na Burinhosa em 1989 (se não estou em erro) para se elevar a Burinhosa a Freguesia só me dá vontade de rir, felizmente a elevação foi chumbada e bem! Como diz o provérbio, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, portanto são necessários cortes não são? Pois bem, a Martingança que volte para Pataias, será bem recebida certamente, e se Alpedriz prefere agregação a Pataias, que venha também. Agora não me venham com "tretas" que "ah, não queremos voltar para Pataias". Não é uma questão de querer ou deixar de querer. Se é necessária uma reforma territorial "urgente", porque não deixam de criar problemas e se juntam à causa? Estou a imaginar a Martingança a mudar para o concelho da Marinha e automaticamente a agregar-se à Moita. E depois o que eu dizia? "Bem feita"!

    Peço desculpa se feri suscetibilidades, mas algumas verdades são para serem ditas e no meu ponto de vista e no que diz respeito a Pataias e Martingança, acho o que o mais lógico é a Martingança voltar para Pataias e assunto arrumado.

    D.I.F.T.

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  2. Ora sem querer ferir quaisquer tipo de susceptibilidades, com a possível junção de Martingança e Alpedriz, Pataias ficará uma super freguesia e quem sabe um pouco desfasado da realidade. Será este o inicio do tão propalado no passado concelho de Pataias? Será lógica a mudança para o concelho da Marinha Grande? Não parece muito lógico que o concelho da Marinha Grande esteja disposto a receber esta freguesia. Penso que é lógico, o porque da população da Martingança, não querer regressar a Pataias, elevaram-se a freguesia não há muito tempo e talvez temam a perca de alguns direitos adquiridos até hoje.

    Qual a melhor solução? Resposta difícil, mas esta resposta tinha que ser pensada aquando da elevação a freguesia, quer da Martingança, quer da Moita.

    E só mais uma questão, qual seria a denominação da tal "super" freguesia? Apenas Pataias? Não me parece muito lógico, mas deixemos os senhores dos gabinetes e os tecnocratas, elucidarem-nos com as suas "brilhantes" ideias.

    Cumprimentos.

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  3. Meus Caros,
    A conclusão que eu tiro de toda esta discussão é que a Martingança dá inveja a muita gente!
    Será porque tem infra-estruturas de referência? será porque tem o maior crescimento demográfico do Concelho desde que se tornou Freguesia?
    Não vejo ninguêm que aqui comenta ajudar a construir ou preservar!
    Vejo por aí médicas incompetentes que encerram serviços de saude com arrogância, vejo presidentes de junta vira-casacas que não se importam de ir ao fundo desde que outros também vão!
    Pataias tem tido a inteligencia e bom-senso de permanecer neutra na avaliação de tudo isto e penso que não tem interesse em ter uma mega-freguesia, até porque só lhe iria acrescentar mais problemas e maior dificuldade de gestão.
    Já agora, aos comentadores desinformados: se Martingança vier a passar para o Concelho da Marinha Grande este ultimo fica com 4 freguesias e ainda assim não tem que agregar nenhuma. Leiam a lei antes de escreverem asneiras!
    Cumprimentos.

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